O HOMEM QUE CUIDA
Rara produção da República Dominicana a chegar por aqui (em parceria com Porto Rico e Brasil), O HOMEM QUE CUIDA poderia compor uma mostra junto a exemplares brasileiros como Que Horas Ela Volta? e Casa Grande. Trata-se de um pequeno estudo sobre comportamentos de classe. O personagem-título é o caseiro Juan, ex-pescador, muito zeloso com a propriedade do seu patrão ausente numa ampla casa de praia.
Quando o filho playboy do patrão chega com um amigo e duas moças, sendo uma delas moradora da região, uma série de pequenas tensões se estabelecem. Ao mesmo tempo em que tentam cooptar Juan para suas diversões, eles o tratam como um objeto ao dispor de suas vontades. À medida que convivem ao longo de três dias, o grupo se divide entre integrados e descartados, deixando claro que, no frigir dos ovos, os privilégios sempre prevalecem sobre a camaradagem.
A parábola é simples e custa muito a se desenhar na interrelação dos personagens. Produz-se um suspense um tanto ralo quanto à posição de Juan diante do que vê e de como o submetem. Sairá da passividade bovina ou se manterá submisso? Quanto de fetiche de posse haverá na sua dedicação aos bens alheios, mesmo ao custo de se voltar contra os seus?
O diretor Alejandro Andújar demonstra bom controle sobre a narrativa e bom manejo das atuações, mas não consegue insuflar maior substância a seus personagens, que permanecem apenas rascunhados. Juan, principalmente, fica muito a dever com sua história pregressa de um amor fracassado. Sua flacidez dramática, de certa forma, é a flacidez do filme.