Quando um serial killer vira “herói”
Livremente inspirado em fatos da crônica policial iraniana, HOLY SPIDER tem apelos comerciais e, por isso mesmo, imanta nossa atenção do início ao fim. Em cartaz na plataforma Mubi.
Livremente inspirado em fatos da crônica policial iraniana, HOLY SPIDER tem apelos comerciais e, por isso mesmo, imanta nossa atenção do início ao fim. Em cartaz na plataforma Mubi.
ELA DISSE vem sendo chamado de “Todos os Homens do Presidente da era do Me Too”. Sem querer comparar os dois filmes, aqui também encontramos a mesma visão épica do jornalismo investigativo e um senso de aventura semelhante.
Conectando a Guerra do Líbano à atualidade, CAIXA DE MEMÓRIAS é inspirador quanto ao tratamento que se pode dar a artefatos de memória no cinema.
Indicado aos Oscars de roteiro adaptado e ator, LIVING tem, para mim, sua maior qualidade em nos estimular a ver ou rever o filme feito por Kurosawa 70 anos antes.
O cotidiano da vida rural se sobrepõe à pauta político-econômica no filme catalão ALCARRÀS, Urso de Ouro em Berlim e representante (não indicado) da Espanha no Oscar.
A BALEIA parece um filme propositadamente desagradável. A performance impressionante de Brendan Fraser bem merecia melhor material.
Não é somente o aspecto de mau teatro que torna ENTRE MULHERES uma experiência extremamente maçante. O roteiro criado pela diretora e a romancista consegue ser ao mesmo tempo redundante e obscuro.
Provocativo e magistralmente filmado, MATO SECO EM CHAMAS coloca na tela as contradições do Brasil atual com uma eletricidade e uma legitimidade dramática raramente vistas no nosso cinema.
BABILÔNIA é um filme fácil de “detonar” por conta de suas intenções embaralhadas e seu desregramento. Mas a verdade é que eu não consegui tirar os olhos da tela até a sequência final.
Apesar das imagens poderosas, EO me pareceu disparatado e incapaz de fornecer a prometida perspectiva do animal sobre o mundo que o cerca.
TRIÂNGULO DA TRISTEZA é mais um petardo de Rubens Östlund para dinamitar as estruturas de uma sociedade bem-pensante e bem-vivente, calcada em privilégios.
Chego a pensar que Spielberg estava fora do seu elemento ao lidar com um drama familiar puro e simples, uma história de formação, em OS FABELMANS.
Em MALI TWIST, Robert Guédiguian mescla uma história de amor e um processo de descolonização na África. É o diretor certo para descerrar a complexidade de um tal processo.
Findo o recesso do blog, publico aqui alguns pequenos comentários que postei recentemente no Facebook sobre filmes em cartaz.
O MENU entretém e gera boas expectativas, mas as promessas de uma parábola social vão aos poucos se desfazendo como sorvete fora da geladeira.
ATÉ OS OSSOS teria potencial romântico e trágico caso não fosse encaminhado com tanta superficialidade e tivesse um par de intérpretes mais “sanguíneos”.
IL BUCO mergulha nas profundezas da terra para falar de dicotomias bastante explícitas. DA TERRA DOS ÍNDIOS AOS ÍNDIOS SEM TERRA atualiza discurso de Darcy Ribeiro.
É a partir dos bens e das mídias físicas que HAPPY OLD YEAR organiza sua parábola sobre o caráter não descartável dos sentimentos. A renúncia de alguém pode ser um ferimento para outro.
MATILDA: O MUSICAL é mais um conto de heroísmo, liderança e sublevação, mas desafia as regras de bom-mocismo de um musical infantojuvenil. Vale também como uma fábula sobre a criação de histórias.
CLOSE é um pequeno estudo sobre um laço infantil que não é compreendido pelo entorno social e nos intriga quanto a sua natureza. Inédito comercialmente no Brasil, foi um dos meus favoritos vistos em 2022.
Uma tragédia, um encontro difícil, um ritual de purgação para que a vida possa seguir adiante. MASS tem quatro interpretações gigantescas para um tubilhão de emoções.
Com atuação mesmerizante de Cate Blanchett, TÁR nos coloca no centro de um pequeno mundo que a imensa maioria de nós desconhece: o mundo das grandes celebridades da música clássica nos EUA e na Europa. Filme inédito comercialmente no Brasil, um dos meus favoritos vistos em 2022.
Debruçando-se sobre a história do poeta Siegfried Sassoon em BENEDICTION, Terence Davies está mais uma vez no seu elemento: vidas vividas entre o prazer transgressor, a melancolia e o sofrimento íntimo.
O que perde em plausibilidade, LAST FILM SHOW compensa em graça, ternura e vivacidade. É o “Cinema Paradiso” indiano, representante da Índia no Oscar 2023.
Filme cativante feito com muito pouco, OS BANSHEES DE INISHERIN combina comédia e drama, buddy movie envenenado e conto filosófico, o patético e o assustador.
SEGUINDO TODOS OS PROTOCOLOS é uma comédia sobre a pandemia. Comédia até certo ponto, pois no fundo do que se trata é solidão, medo e a necessidade de balancear afeto e segurança.
Sem nenhuma cerimônia, BARDO – FALSA CRÔNICA DE ALGUMAS VERDADES dissolve as fronteiras entre realidade, sonho e fantasia alegórica. E não quero dizer que isso seja uma boa notícia.
O PERDÃO retrata a saga de uma mulher iraniana em busca de reparação moral e de um novo romance numa sociedade em que o feminino está sempre sob suspeita.
A técnica brilhante, um pé no grotesco e um esboço de interpretação política não impedem que o PINÓQUIO de Guillermo del Toro descambe para a histeria das animações hollywoodianas recentes.
Em quase três densas horas, ONODA, 10.000 NOITES NA SELVA relata a história paranoica do “último soldado” japonês a se render depois da II Guerra.