Compartilho hoje o meu álbum de fotos de Oaxaca, síntese histórica do México.
Oaxaca é mais que uma cidade. Afora a capital, nenhuma outra sintetiza tão bem as várias eras da história do México. A arquitetura colonial espanhola não apagou os signos das culturas pré-hispânicas, nem tampouco resistiu à invasão da modernidade. As tradições indígenas dividem o espaço com a cultura contemporânea e o mundanismo incrementado pela crescente presença de expatriados.
Numa mirada superficial, a cidade não parece propriamente bonita. Sua beleza tem que ser buscada nos detalhes. O charme da Calle Alcalá, por exemplo, ou o calor humano de um baile popular ao ar livre no Zócalo, a praça principal. O colorido exuberante do mercado Benito Juárez ou o inusitado do Museu Têxtil. Os restaurantes que servem a rica culinária oaxaquenha ou a antiga capela que já foi um cinema dentro da magnífica Quinta Real, hoje convertida em hotel de luxo.
Oaxaca tem dois museus imperdíveis. Um deles é o Museu de Arte Pré-Hispânica Rufino Tamayo, com suas salas monocromáticas que expõem tesouros das culturas zapoteca e mixteca. Outro é o Museu das Culturas de Oaxaca, esplendoroso no que diz respeito tanto à arquitetura (o antigo mosteiro de Santo Domingo) quanto ao acervo multicultural de várias épocas e ainda um exótico “jardim etnobotânico”.
Talvez a igreja mais bela do México seja a de Santo Domingo, no centro histórico de Oaxaca. A decoração, do chão ao teto, da porta de entrada ao altar principal, é capaz de siderar nosso olhar por horas a fio com tanto ouro e figuras em estuque pintado. Ali também há uma capela do Rosário, quase tão deslumbrante quanto a sua similar de Puebla. Outro templo que impressiona por seus altares em forma de imensos brasões durados é o de San Felipe Neri.
Em matéria de murais, Oaxaca não decepciona. O Palácio de Governo tem duas escadarias ladeadas por grandes murais alegóricos da história mexicana, tema também de uma curiosidade escultórica singular: uma espécie de tortilla gigante, considerada a maior escultura orgânica do mundo. Um belíssimo mural alegórico, junto a motivos zapotecas, decora a suntuosa La Casa del Mezcal, destaque entre os muitos bares e mezcalerias da cidade.
Em três dias que lá passamos, vimos várias manifestações de politização – de uma assembleia de crianças a um protesto de professores no Zócalo. Visitamos o Espacio Zapata, que comemorava os 100 anos da morte do líder revolucionário, e passamos por vários outdoors do PT, o Partido del Trabajo, “100% obradorista”.
Fizemos duas esticadas fora do perímetro da cidade. A primeira foi para o município de Santa Maria del Tule, onde se encontra uma das árvores mais frondosas do mundo, a chamada Árbol del Tule. A outra foi para o sítio arqueológico de Monte Albán, que será objeto do meu próximo álbum, o último dessa viagem a Guatemala e México.
Carlinhos,
Que fotos! Que lugar! O México respira resistência. De Zapata à arvore milenar!
Grato pelas fotos!
Abraços
Que viva México y Zapata entonces! Com Eisenstein e Kazan.
Já está chato ser tão repetitiva, mas amo suas fotos, seu olhar atento aos detalhes e também seus textos, sempre primorosos, contando a história de uma forma deliciosa.
Suas repetições não me incomodam nem um pouquinho ❤
Que belo ensaio fotográfico. O México é impressionante e vc captou com muita arte esse colorido dramático! Conheci só a Cidade do México. Um pouquinho só e já me impressionei. Arriba!
Enviado do meu iPhone
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Então trate de voltar 🙂
Não sei por que você ainda não pulou de cabeça na direção de documentários antropológicos. Se um dia eu voltar a ter algum dinheiro de sobra, vou querer conhecer “El arbol del Tule” Hasta…??? Sergio Muniz
[image: Mailtrack] Remetente notificado por Mailtrack 26/01/20 14:16:38
Que nada, Serjão. Sou um simples turista que gosta de fotografar. El árbol del Tule lhe espera.