HIGH LIFE no streaming
Não se pode negar que Claire Denis é uma realizadora peculiar em sua predileção por subverter expectativas de filmes de gênero. Em seu primeiro exercício de ficção científica e primeiro filme falado em inglês, ela pretendeu especular sobre maternidade, paternidade, redenção e condenação.
HIGH LIFE, roteiro original de Claire e seu frequente colaborador Jean-Pol Fargeau, não se incomoda de soar bizarro aqui, macambúzio ali, inconsistente quase sempre. Numa estranha nave espacial que mais parece um apartamento gigante com estufa de plantas e espaços que nunca se integram visualmente, um homem cuida de sua filha bebê entre corpos de companheiros desfalecidos. Monte (Robert Pattinson) é um dos criminosos que trocaram o corredor da morte por participar dessa viagem espacial em busca de extrair energia de um buraco negro. Eles desconfiam de que nunca mais voltarão à Terra, mas podem em troca se transformar em heróis da Humanidade.
A narrativa retroage para mostrar como Monte e sua filhinha chegaram até ali. Conhecemos, então, seus companheiros de viagem, entre os quais uma médica condenada por filicídio (Juliette Binoche), que conduz experiências de inseminação artificial dentro da nave a fim de obter uma criança saudável que a redima. Mais não convém contar para não estragar as insólitas – e frequentemente bisonhas – surpresas que virão. Basta dizer que um erotismo psicótico inclui estupro e leva Binoche, com uma cabeleira de Medusa, a protagonizar uma das mais esdrúxulas cenas de sexo solitário da história do cinema.
O filme parece se passar dentro de uma grande geladeira. Imagens bonitas porém frias se sucedem ao som de um constante hummm. O estilo gélido, característico da diretora, é por vezes quebrado por irrupções de violência e muito sangue e esperma, como que para cumprir ao menos um dos mandamentos da ficção científica mais cruenta. Desse balanço entre aspereza, algidez e escatologia nasceu um filme mais obscuro que ousado.
High Life está nas plataformas Now, GooglePlay, Looke e iTunes
O filme tem cenas de grande estranhamento, uma ficção naquela nave retrô. Juliette parece mesmo uma medusa sem qualquer escrúpulo. Mas gostei do filme.
Bom pra você, rs
Cruuuuuuzes,q antipatia!