COMO MATAR A BESTA no streaming
Esta coprodução de Argentina, Brasil e Chile se passa em algum lugar da fronteira entre os dois primeiros países. Uma floresta para onde vai Emilia à procura de um irmão que há muito não vê. Lá ela se hospeda na pensão de uma tia mal-humorada e descobre que o irmão está desaparecido.
O lugar, afinal, não importa. Estamos no território do cinema semifantástico. Estamos num espaço cinematográfico onde pouco se fala e pouco acontece, mas insinua-se muito. Naquele ponto da floresta, comenta-se de uma fera misteriosa que tem aparecido por ali. Estamos, a bem dizer, na esfera de influência do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, um dos mais emulados (e mal assimilados) na contemporaneidade.
Em seu longa de estreia, a diretora argentina Agustina San Martín não tem nenhuma pressa para contar a estada de Emilia nesse lugar. Na verdade, não parece ter o que contar para além de criar imagens pseudoenigmáticas, mas vazias, de uma Natureza supostamente ameaçadora ao mesmo tempo que bela. E também inventar uma sensualidade deslocada de qualquer contexto, como se a simples chegada de Emilia a uma área selvagem despertasse seus desejos. Numa cena pretensamente herética, a moça se masturba ao som da Ave Maria de Schubert.
Todos os personagens agem “estranhamente”, quando não iniciam uma dança solitária a troco de nada. Cenas são interrompidas sem que as interrupções produzam curiosidade ou expectativa. A trilha sonora da dupla mineira O Grivo tenta preencher o vazio de um filme tão abúlico quanto as expressões inalteráveis da atriz Tamara Rocca.
Em seus parcos 79 minutos, Como Matar a Besta (Matar a la Bestia) apenas tangencia os gêneros do terror e do conto de fadas, mas não se apruma em nenhum deles. Resta a experiência de encarar um boi nada misterioso e tentar compreender o seu silêncio.
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