Uma saraivada de clássicos do documentário brasileiro vai ser disparada em breve, segundo um dos últimos projetos conduzidos por Gustavo Dahl dentro do Centro Técnico Audiovisual. Órgão subordinado ao Ministério da Cultura, o CTAv vai lançar 37 DVDs, sendo três duplos, com filmes realizados no século passado por Humberto Mauro, Alberto Cavalcanti, Jurandyr Noronha, Adhemar Gonzaga, Arne Sucksdorff, Vladimir Carvalho, George Jonas, Nelson Pereira dos Santos e muitos mais.
Serão duas coleções. A primeira inclui pérolas como Um Homem e o Cinema, em que Cavalcanti faz um balanço de sua própria obra, e a pouco vista série Mundo à Parte, realizada pelo sueco Arne Sucksdorff sobre o cotidiano do pantanal mato-grossense e as pesquisas etnográficas ali desenvolvidas por ele e sua segunda esposa, a cuiabana Maria Graça, nos anos 1970. Também está lá a série A Linguagem do Cinema, de Geraldo Sarno, que disseca o estilo de vários realizadores brasileiros. De Joel Pizzini, o mascote da fornada, sairão uma coletânea de curtas intitulada “Cinema de Poesia” e o longa Anabazys, feito com Paloma Rocha em torno de A Idade da Terra de Glauber. Vladimir Carvalho terá editados seis curtas de sua longa carreira, enquanto outro disco vai trazer o retrato que Marcos de Souza Mendes produziu do etnógrafo Heinz Förthmann.
Os discos serão recheados de muitos extras, compostos de curtas, entrevistas e depoimentos. O doc-antologia Panorama do Cinema Brasileiro, de 1970, vai sair com um bônus que muito me orgulha: o perfil que fiz do seu diretor para o Canal Brasil, Jurandyr Noronha – Tesouros Quase Perdidos.
A segunda coleção, patrocinada pela Petrobras, vai reunir nada menos que 110 curtas e médias produzidos pelo Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) e posteriormente o Instituto Nacional de Cinema (INC). Cerca de metade deles trazem a assinatura de Humberto Mauro, cujo trabalho no INCE definiu um padrão da época para tratar de cultura, ciência e História no cinema educativo. Os 20 DVDs dessa coleção foram organizados por constelações como Cidades Históricas, Música Erudita Brasileira, Humberto Mauro para Crianças, Cultura Negra, Nordeste/Semiárido: Visões, Personalidades do Cinema Brasileiro e George Jonas: Iniciação à Física, entre outras.
Em meio a curtas de enorme importância para a evolução do doc brasileiro, eu destacaria os hiperclássicos de Mauro, além de Fala Brasília, de Nelson Pereira dos Santos, Aruanda, de Linduarte Noronha, Sob o Ditame de Rude Almajesto, de Olney São Paulo, Brasília Planejamento Urbano, de Fernando Coni Campos, e Música Barroca Mineira, de Arthur Omar.
Esses discos contarão com um extra feito especialmente para a coleção: o doc Recuperando a Memória (ai, esses gerúndios…). Dirigido por Joana Nin, com supervisão de Gustavo Dahl e entrevistas feitas por Joana Tassinari, o “extrão” de 30 minutos dá conta de explicar o que foram o INCE e o INC e as condições daquela produção cinematográfica dentro do Estado. Mostra, ainda, as técnicas empregadas para resgatar um filme num acervo e prepará-lo para difusão.
Tão importante quanto preservar e restaurar os acervos fílmicos é colocá-los à disposição do público de maneira barata e prática. Espero que esse belo desfile de imagens brasileiras chegue assim a quem precisa e deve conhecê-las.
Sr. Carlos Alberto,
apesar de meu comentário ser tardio (2 anos) gostaria de saber qual foi o resultado da distribuição desses DVDs tão preciosos para o nosso cinema brasileiro? Eles chegaram a ser distribuídos para o grande público ou entraram naquele esquema de serem enviados apenas para instituições culturais e cineclubes? Eu tinha interesse em vários (e por que não TODOS?) deles, mas nunca vi em loja nem videoteca. Saberia me informar?
Agradeço desde já!
Grande abraço.
Pedro, ao que eu saiba, os DVDs não tiveram distribuição comercial. Recomendo entrar em contato com o Centro Técnico Audiovisual do Minc, no Rio: (21) 3501-7800 e procurar a Sra. Rosângela Sodré. Boa sorte.
Muito obrigado pelas informações Carlos Alberto!
Respondo ao Francisco Amorim:
1. Que eu saiba, ainda não foi decidida a forma como os DVDs chegarão ao público comprador, mas o selo será do próprio CTAv.
2. Os curtas do Vladimir: A Bolandeira, A Pedra da Riqueza, Vila Boa de Goyaz, Quilombo, Pankararu de Brejo dos Padres e Romeiros da Guia. Infelizmente, o super criativo Vestibular 70 continua sem edição.
Olá Carlos,
Aqui é o Francisco. Findou-se outubro e nada até hoje. Ainda existe previsão de lançamento ou o projeto foi abortado?
Olá Francisco, a produção do CTAv atrasou um pouco. Você pode entrar em contato diretamente com eles: comunicacao.ctav@cultura.gov.br
Existe previsão de lançamento?
Acho que setembro ou outubro
Outra pergunta que já estou há algum tempo a retornar aqui e fazer:
– Será disponibilizado para o público comum via livrarias e lojas especializadas? Por qual selo? Um próprio do CTAv, ou algum outro, tipo Videofilmes, por exemplo?
– E entre os curtas de Vladimir Carvalho lançados estarão filmes anteriormente disponibilizados em dvd, tipo A Bolandeira, Incelência e Pedra da Riqueza, ou serão todos inéditos? Minhas apostas: Romeiros da Guia, Vestibular 70, Vila Boa de Goyaz, Brasília Segundo Feldman, Perseghini, A Paisagem Natural; ficando de foram ‘Quilombo’ e Mutirão. Desconfio que Romeiros e Vila Boa possam dar lugar a estes dois últimos. Confere algum dessa lista?
Abs, Francisco.
Eu sou dessas pessoas en carencia de conhecimentos sobre o nosso cinema. Espero poder adquirir os dvds ano que vem quando voltar ao Brasil.
Mais un artigo muito interessante de Carmatos. Merci!
Extremamente necessário! Já quero!