MULHERES ARMADAS, HOMENS NA LATA
A solidariedade feminina operária é ferozmente posta à prova na comédia policial MULHERES ARMADAS, HOMENS NA LATA. Nesse despretensioso mas divertido filme de Allan Mauduit, ninguém ganharia nota máxima num teste de caráter – nem amigos, nem pais e filhos, nem chefes, nem policiais. Não são dignas de confiança nem mesmo as latas de sardinha da fábrica onde Sandra, Nadine e Marilyn trabalham.
Depois que Sandra (Cécile de France), ex-miss de província e ex-dançarina erótica, reage ao assédio do chefe e acidentalmente o mata, encontrando com ele uma mala cheia de dinheiro, ela e as duas colegas são mordidas pela tentação e entram na rota de uma transação do tráfico. O que se segue é uma ciranda de humor negro, emboscadas e confrontações violentas, com ênfase em tapas na cara e golpes contra a genitália masculina. Leia-se aí um pouco de política de gênero num filme em que os homens levam a pior sistematicamente – quando não são literalmente castrados. É o ar do tempo.
A vulgaridade das personagens acaba fornecendo também a sua dose de simpatia e humanidade, numa espécie de reação selvagem do proletariado de saias. O ótimo elenco e a direção bem ritmada garantem um entretenimento não muito refinado, mas com tempero convidativo.