MINHA LUA DE MEL POLONESA
Claramente inspirado em elementos autobiográficos da diretora Élise Otzenberger, MINHA LUA DE MEL POLONESA pretende ser uma dramédia sobre a herança judaica de um jovem casal francês. Consegue divertir ocasionalmente com o choque entre as expectativas deslumbradas e as decepções de Anna (Judith Chemla) durante uma viagem ao interior da Polônia em busca de suas raízes. O mau tempo, a gastronomia, a língua, o turismo do Holocausto, o antissemitismo, o vazio demográfico e o apagamento da cultura judaica são motivos de uma duvidosa comicidade.
Mas não demora a ficar claro que a autora do filme – uma atriz estreando na direção – não tem o estofo necessário para explorar o que seu material sugeria. O humor logo se torna precário e repetitivo, baseado unicamente nas reações bipolares de Anna ao que encontra pelo caminho, nas diferenças de percepção com o marido (Arthur Igual) e na ligação neurótica que mantém com a mãe e o filho bebê. Ao mesmo tempo, o tênue potencial dramático se esvai em situações mal desenvolvidas ou de sentido titubeante, quando não em puro sentimentalismo.
Além do mais, o filme enfrenta os problemas habituais de tratar um tema como o extermínio dos judeus em chave de entretenimento leve. Por mais que Élise Otzenberger fale “de dentro” de suas próprias origens e sustente que seu filme não é sobre o Holocausto, a sensação de inconveniência é às vezes inevitável.