Há tempos eu não gostava tanto de uma animação da Disney/Pixar como gostei de VIVA – A VIDA É UMA FESTA. Tecnicamente, é um triunfo absoluto de know-how acumulado, uma vez que não há grandes novidades ou revoluções. É a simples excelência de graça, ritmo e sensibilidade para projetar no virtual os pormenores do real humano – e pós-humano.
Em matéria de humanidade, o filme de Lee Unkrich e Adrian Molina chega a ser ousado ao fazer o elogio da subversão do menino Miguel para alcançar seu sonho de ser músico. E olha que ele rouba, bate a porta na cara da avó (tudo bem, ela é a bruxa do filme) e põe em risco a união familiar. É claro que, em sendo um produto Disney, tudo isso vai acabar se justificando e se corrigindo no rumo de um final feliz – e até um pouquinho emocionante.
Quanto à magia, há elementos de sobra nos mitos mexicanos do Dia dos Mortos. A trama engenhosa gira em torno de uma ou duas fotografias, elemento essencial do culto à memória dos parentes e antepassados falecidos. Miguel vai cruzar a ponte para o “outro mundo” na busca de seu objetivo inicial (a música), mas vai descobrir muito mais sobre si e sua família. A convivência (se é que se pode chamar assim) do menino vivo com um monte de gente morta – inclusive uma multidão de “Fridas” – é motivo de muito humor ligeiramente macabro.
As tradições e o folclore mexicanos são tratados com vivacidade e respeito. Lá estão os mariachis, os tamales, os alebrijes (animais fantásticos e multicoloridos), as figuras recortadas em “papel picado“, as abuelitas enrugadas, os santuários dedicados aos mortos, etc. Com uma dosagem tolerável de gritaria e correria, bem abaixo da média das animações americanas, VIVA justifica o título brasileiro: é uma festa.
P.S. Vi a cópia legendada.
Assisti com meu neto, meio com o pé atrás, e me surpreendi. Bom filme para crianças e adultos.
Eu não disse? 🙂
Eu também gostei muito do filme. Estive no México o ano passado e pude ver como os mexicanos consideram essa data.
Pais maravilhoso e tão rico culturalmente.
Amei sua crítica.
Oi Ivanete, eu pretendo voltar ao México em breve. Só fui lá uma vez, 36 anos atrás!!!! Quando for, aceitarei dicas.