Maradona

(Maradona by Kusturica)

Doc adoração. Diego Maradona encontrou um retratista à altura em Emir Kusturica. Ambos são vaidosos, viris, fanfarrões, competentes no que fazem e lotados de ressentimento contra certos poderes constituídos. Maradona, contra a FIFA (suposta responsável pelas vitórias do Brasil em Copas), a Inglaterra (Malvinas) e a direita dos EUA; Kusturica, contra o Ocidente que se opôs à Sérvia na guerra da Bósnia. Os dois se identificam e dividem o tempo de tela. Kusturica flagra, sublinha e partilha o culto ao baixinho argentino, um misto de canonização e folclorização brega, algo difícil de definir. Diego é comparado a Fallstaf, Gilgamesh, Deus e os Sex Pistols, apenas para citar alguns. Ele próprio se define como um iluminado, só obscurecido pelo diabo da cocaína. Não se trata de uma biografia, mas de um elogio indisciplinado, uma declaração de amor do cineasta ao jogador, uma insistente e afetada aproximação do mito Maradona à mitologia construída por Kusturica em seus filmes. Estamos no reino dos excessos e da bufonaria. Política, inclusive. Quem entrar nesse espírito vai sair bastante recompensado. ♦♦

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