Tchekhov em transparência

Quem gosta de teatro de verdade deve correr ao CCBB-Rio antes do dia 22 de julho para ver TCHEKHOV É UM COGUMELO. Falo em teatro de verdade porque a encenação pilotada por André Guerreiro Lopes mergulha fundo nas possibilidades de uma experiência de palco. Tem texto, música, ação corporal, instalação e vídeo numa unidade orgânica, a despeito da diversidade.

“As Três Irmãs” aparece (melhor seria dizer transparece) num recorte delicado, atravessado por outras referências sobre o teatro e o tempo. Uma entrevista do diretor com Zé Celso em vídeo de 1995, a respeito da célebre montagem da peça de Tchekhov em 1972, dá o mote para esta encenação. Em lugar dos alucinógenos usados nos anos 70, André convoca o zazen budista e a neurociência.

Vale a pena ver como tudo isso conversa na peça, que é deslumbrante plástica e sonoramente. Algumas cenas muito engraçadas se somam a outras desafiadoras em termos de ritmo e exigência do elenco. Helena Ignez, Djin Sganzerla e Michele Matalon emocionam como a tríade multigeracional que, a meu ver, personifica a esperança, a ilusão de plenitude e o desencanto com a vida. O cantor Roberto Moura, os atores e bailarinos Samuel Kavalerski e Fernando Rocha, e o grupo de percussão Embatucadores completam o elenco com graça e propriedade.

A peça está em cartaz de quarta a domingo, somente por esta e mais duas semanas. Na noite em que assisti, estava na plateia Analu Prestes, que viveu Irina na montagem do Zé Celso. O encontro dela com Djin (as duas Irinas) após o espetáculo foi uma bela cena à parte.

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