Puebla, joia barroca mexicana

Igreja de Santo Domingo

Podem me chamar de europeizado, mas de todas as cidades do México que já conheci, Puebla é a minha preferida. Ali os traços da colonização espanhola foram bem conservados, sobretudo pelo acúmulo de elementos do barroco colonial. Quando entramos na cidade de ônibus, vindo de Oaxaca, passamos pela periferia onde se sucedem as megastores americanas: Sears, Walmart, Home Depot… Até aí, o básico de qualquer localidade mexicana. Mas à medida que nos aproximávamos do Centro, a paisagem mudava radicalmente.

Puebla mistura bem a personalidade colorida nativa com um certo charme europeu presente na arquitetura e numa serenidade pouco comum entre o que já vi do México. Era dezembro de 2019, e a decoração de Natal esfuziava à noite no Zócalo, a praça central da cidade.

Zócalo

Nosso passeio pelo barroco começou, naturalmente, pelas igrejas. A belíssima Catedral e a mais despojada Igreja de São Francisco ficam dois graus abaixo da estonteante Igreja de Santo Domingo, com sua Capela do Rosário (século XVII), um verdadeiro esplendor do chamado barroco novohispano ou churrigueresco.

A Biblioteca Palafoxiana, fundada em 1646 pelo bispo espanhol Juan de Palafox y Mendoza, é outra atração barroca deslumbrante, com suas estantes em madeira repletas de adornos. É tida como a primeira biblioteca pública da América.

Para coroar a presença desse estilo, Puebla abriga desde 2016 o Museu Internacional do Barroco, arrojado projeto arquitetônico do japonês Toyo Itō. As linhas sinuosas mas puras da construção toda branca contrastam com a ornamentação das obras no interior. Ali se contemplam a pintura, a escultura, a arquitetura, a música e o teatro barrocos.

Museo Internacional del Barroco

As fachadas decoradas do Centro de Puebla mereceram um “capítulo” especial no meu vídeo, assim como o Museu Amparo, cujo acervo histórico é um dos melhores do país. Na ocasião, estavam expostas fotografias dos brasileiros José Medeiros e Maureen Bisilliat, além de uma instalação em homenagem a Hélio Oiticica.

A Puebla não faltam atrações mais mundanas, como os restaurantes que servem o mole poblano, prato temperado com chocolate (o restaurante Mural de los Poblanos é um lugar especial para isso) e a Calle de los Dulces, coloridíssima perdição para os ameaçados pelo diabetes.

Festa da Virgem de Guadalupe

O vídeo se conclui com a estrepitosa festa da Virgem de Guadalupe (12 de dezembro), quando uma multidão visita o respectivo santuário e se entrega a uma farândula de comida, diversões, fotografias e comércio na praça em frente à igreja. É quando deixamos o barroco e a Europa para trás e mergulhamos de fato no pueblo de Puebla.

Vejam meu vídeo:

 

3 comentários sobre “Puebla, joia barroca mexicana

  1. Que maravilha esse roteiro que começa na aridez de uma estrada, vai ficando verde aos pouquinhos antes de entrar na periferia e explode num céu para lá de azul, com o cortejo amarelinho das bicicletas! A impessoalidade dos Walmart e Sears, a assepsia do hospital de Puebla… E enfim a vida pulsante na chegada. Que preâmbulo lindo para nos contar essa viagem. Quatro minutos de vídeo e já estava eu fisgada! A alegria iluminada na praça, o dourado barroca no interior de uma igreja, a fachada bordada lindamente de outra… E o bairro dos artistas? Você é bom mesmo em achar esses espaços onde sobram asas para “pedir emprestado”. Morri de inveja do efeito espelho no museu do barroco, mas ressuscitei com o colorido de Guadalupe. Obrigada por alegrar o meu domingo .

      • Ô amado, não vejo a hora de voltar a viajar. Desde a pandemia, o mais longe que fui foi a Areal, passar um fim de semana em família. Ainda bem que pego carona nas suas andanças!

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