Ecos de Tarrafal

A Mostra África Hoje exibe esta noite no Canal Brasil, à 0:15, um dos melhores títulos da seleção: Tarrafal – Memórias do Campo da Morte Lenta.

O filme de Diana Andringa foi realizado em 2009, durante um simpósio que reuniu antigos prisioneiros do campo de concentração montado por Portugal numa das ilhas de Cabo Verde. Desde os anos 30 do século passado, para o Tarrafal eram enviados os presos políticos da ditadura salazarista. Em 1961, o campo foi reativado para receber revoltosos das colônias africanas. O objetivo era mostrar que a metrópole levaria a extremos a punição dos que se opunham ao seu comando.

É assim que ouvimos, da boca de velhos guerreiros de Angola, da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, os relatos dos terríveis maus-tratos a que eram submetidos, com muitos casos de morte e enlouquecimento. Cavar a própria tumba antes de ser fuzilado era uma das tarefas que podiam caber a um presidiário. Mas ficamos sabendo também das lições que o degredo ensinou aos sobreviventes, e de como eles seguiram fazendo política e se educando no horror do campo de concentração.

São bravos homens que falam, trazendo nos olhos ainda os traços da dor e o brilho da esperança. É mais um capítulo da triste história do colonialismo que se desdobra em detalhes, nos testemunhos ou eventualmente no silêncio grave desses homens. Com o sabor do linguajar de cada país e doses crescentes de emoção, chegamos até os momentos da libertação, no 1º de maio português.

Um comentário sobre “Ecos de Tarrafal

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