ENCANTADEIRAS no Canal Curta!
“Nós quebra o coco e arrebenta a papucaia”. Seja lá o que ela quis dizer com a frase, a gente entende que a quebradeira de coco de babaçu não está ali para brincadeira. Aliás, pensando bem, essas sete trabalhadoras rurais estão ali também para brincar, além de cantar e lutar por seus direitos. Tudo sintetizado na expressão “fazer animação”.
Encantadeiras – O Canto e o Encanto das Quebradeiras de Coco, novo documentário de Betse de Paula, acompanhou uma turnê do grupo homônimo, criado em 2005. Nas apresentações, elas entoam suas cantigas de trabalho e falam de seu ofício e de seu engajamento na luta por terra, preservação do meio-ambiente e valorização da mulher do campo.
Elas integram o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco de Babaçu (MIQCB), que já conta com milhares de participantes de pelo menos quatro estados – Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí. A pauta principal é a defesa dos babaçuais que proveem seu sustento. No filme, elas recordam pelejas passadas, quando lideranças foram assassinadas, trabalhadoras foram expulsas de terras e tiveram suas casas queimadas. Para os latifundiários, o babaçu é mato, mas para elas é fruto de mil e uma utilidades. “O babaçu é minha mãe”, resume uma quebradeira.
Betse transitou entre a turnê, patrocinada pelo Sesc, e um quilombo maranhense cuja comunidade vive da quebração do coco. Ao abranger o lado artístico, a política e a economia das quebradeiras, seu filme amplia as abordagens do tema já feitas pelo cinema. Quebradeiras, de Evaldo Mocarzel, por exemplo, era um ensaio poético de grande beleza, que evitava a informação convencional (leia aqui). Encantadeiras incorpora cenas de outros filmes sobre essas mulheres fortes e cativantes, incluindo até mesmo um trecho do curta Maranhão 66, de Glauber Rocha, em que o então candidato a governador José Sarney exaltava o babaçu maranhense.
>> Encantadeiras passa no Canal Curta! nesta segunda, 5/7, às 18h30. Haverá reprises terça 6/7, às 4h30; quarta, 7/7 às 6h30; e domingo 11/7, às 5h50.