Todo jornalista está comentando Intrigas de Estado. Não é para menos. Os personagens centrais são um profissional experimentado de jornal impresso e uma jovem blogueira do braço online da mesma empresa. Obrigados a trabalhar juntos numa matéria investigativa, eles começam com as implicâncias típicas de casal que acabará tendo um romance mais adiante. Mas, felizmente, esse não é o caso. A harmonia virá através da divisão do trabalho.
Aí é que o filme de Kevin MacDonald faz seu cumprimento ao conservadorismo. O safo Cal (Russel Crowe) ficará com a parte pesada da missão, até correndo perigo de morte numa fantasiosa investida de repórter-herói. A Della (Rachel McAdams) caberá o papel de coadjuvante, além dos aspectos “menores” da reportagem.
Ou seja, embora pareça celebrar a colaboração do jornalismo impresso com o online, o filme na verdade cria uma hierarquia. O papel é hard, másculo e heróico. O digital é ligeiro e superficial. Os preconceitos de Cal se confirmam simpaticamente no decorrer da trama.
Mas é possível também ler o filme de outra maneira: com o crescimento do jornalismo online, caberá aos diários tradicionais investir em matérias de fundo, mais ambiciosas. E quiçá perigosas. O jornalista de papel precisa se transformar em herói se não quiser ser deglutido pela blogocracia.
Grande Carlinhos, parabéns pelo blog.
O filme é interessante, mas acho que não faria muita diferença se o Crowe fosse um repórter ou um investigador da polícia. Só falta a arma e o colete à prova de balas.