Era para ter postado esse texto ontem, mas me esqueci. O Canal Brasil exibiu nesta madrugada (0h15 de quarta), na Mostra Ugo Giorgetti, o primeiro longa-metragem do diretor. Quebrando a Cara é um documentário sobre Éder Jofre, o mais célebre pugilista brasileiro, mas na verdade é bem mais que isso.
Pra começar, enquanto comenta sua trajetória, já aposentado dos ringues, o chamado “Galo de Ouro” dá uma de repórter e vai servindo de âncora para mostrar sua família, toda ela de alguma forma ligada aos esportes de luta corporal. O pai, dono de academia de boxe, foi quem o treinou para, nocaute após nocaute, chegar duas vezes ao campeonato mundial. Vários tios, irmãos e sobrinhos, tanto do lado paterno como do materno, calçaram as luvas em algum momento. Até a tia Olga Zumbano tem uma história curiosíssima de pioneirismo nessa área para contar.
As primeiras cenas do filme mostram Éder Jofre caminhando pelas ruas de um bairro operário de São Paulo. Ele é o homem simples, de origem humilde, que sempre fez questão de se identificar com a classe trabalhadora. Por isso Quebrando a Cara é também a crônica de uma certa São Paulo suburbana, em que o esporte surge para tanta gente como passaporte para uma vida melhor.
Mas é claro que o boxe ocupa o centro do filme, como não poderia deixar de ser. Lá estão os momentos culminantes das grandes lutas de que Éder Jofre participou, quase sempre com a emoção do comentário original do rádio ou da televisão. Ao mesmo tempo, o documentário retrata o boxe como uma forma de vida tão dura quanto outra qualquer, em que a preparação física extenuante e a dor dos socos pesam mais que as glórias depois do gongo soar.