Num pequeno palco, perante uma plateia ensandecida, um homem maduro e corpulento urra ao microfone a música Garoto Podre. Um corte seco e vemos esse mesmo homem comportadamente sentado numa cátedra universitária discorrendo sobre o modelo chinês de socialismo. Algumas sequências adiante, lá está ele falando a sindicalistas sobre solidariedade entre os trabalhadores. Afinal, quem é ou quantos são esses homens?
Há duas formas de saber a resposta. Uma é aguardar o lançamento do documentário As Faces do Mao, exibido na recente Mostra de Cinema de Tiradentes. Outra, mais imediata, é assistir à Live do Conde neste sábado (12/2), às 22 horas. Junto com o titular Gustavo Conde, eu também vou ajudar a entrevistar Mao e os diretores do filme, Dellani Lima e Lucas Barbi. A conversa vai rolar no canal do Conde no link do Youtube lá embaixo e também nos canais da Rede TVT e do Grupo Prerrogativas. Vamos mostrar vários trechos do filme.
Mas, enfim, quem é Mao?
Seu nome é José Rodrigues Mao Júnior, professor de História, militante sindical e vocalista da banda punk Garotos Podres, surgida no ABC paulista em 1982. Punk de esquerda, sim senhor, com muito orgulho. Depois de um racha por conta de divergências políticas, venceu a ala “maoísta”, e hoje todos os componentes rezam pela mesma cartilha antifascista. Camisas de Lula Livre e bonés do MST integravam o figurino do grupo à época das filmagens.
Mao conjuga suas três faces de maneira descontraída e divertida. O filme de Dellani e Lucas poderia ter ido mais fundo na investigação de como isso se dá na intimidade do personagem, mas de qualquer forma o perfil está delineado com boas linhas gerais. Ex-servidor público e filiado ao PT, doutor em História pela USP, Mao faz da música um grito contra a direita conservadora. Suas versões punk da Internacional, de Bella Ciao e de Grândola Vila Morena são impagáveis.
As Faces do Mao nos aproxima de uma figura carismática e ao mesmo tempo muito desafetada. E abre uma janela sobre o punk do ABC, terreno onde o heavy metal e os metalúrgicos possuem algo em comum.
Pingback: Nossa música | carmattos
Pingback: Dellani Lima, cineasta (realmente) independente | carmattos