A sombra de Rita

Rita Lee é a grande presença-ausência em Loki, o documentário sobre Arnaldo Baptista. O que se depreende do conjunto de depoimentos é que Arnaldo pirou por causa das drogas e da separação. Rita é uma sombra que se projeta sobre tudo, mas aparece apenas em fotos e filmes antigos, além da voz nos Mutantes. Ela não quis dar entrevista, embora tenha autorizado o uso dos materiais de arquivo.

Provavelmente não quis retomar um assunto doloroso, pelo qual se sente de alguma forma responsável. Num sentido oposto, Yoko Ono foi vilanizada como pivô da dissolução dos Beatles – e esse é mais um curioso paralelo entre Os Mutantes e os garotos de Liverpool. Se participasse de Loki, talvez Rita pudesse esclarecer algumas razões que, sem ela, ficam apenas na esfera da especulação.

Ao não participar, Rita Lee se fez ainda mais “presente”. Para suprir a ausência, Paulo Henrique Fontenelle é levado a multiplicar as referências sobre ela, como para cobrir todas as versões possíveis. E sua presença fantasmal se estende em letras posteriores de Arnaldo, em sua pintura e, meudeus!, até naquele recente penteado da nova mulher, Lucinha. É ou não é de arrepiar?

rita-lee

Lucinha

 

 

Para pensar melhor sobre Loki, leia esta resenha da Patricia Rebello no site Criticos.        

E olha só a letra de Rita, de Chico Buarque (nada a ver, mas tudo a ver).

3 comentários sobre “A sombra de Rita

  1. A grande ausente do documentário é a cidade de São Paulo, que foi o habitat cultural que fomentou e fermentou o talento dos irmãos Dias. O cosmopolitismo da cidade, o não-olhar para o próprio umbigo e sim para o mundo, permitiram que a meninada da Pompéia e da Vila Mariana fizessem junto com os baianos tropicalistas a primeira música moderna brasileira.
    Isso está ausente no documentário. E a gente sabe o motivo.
    Maiores detalhes em Verdade Tropicalista e em um dos últimos posts do Caetano Veloso no Obra em Progresso.

  2. poxa, o documentario Loki tah fraquinho assim? Nem a genialidade do Arnaldo conseguiu dar um resultado satisfatorio? .Imagino que o formato do documentario seja meio caretinha (preciso ir ver). Os comentarios sobre o cabelo da atual do Arnaldo tem tudo a ver…Nao eh a primeira vez que o Arnaldo se envolve com sosias de Rita Lee. Acho que ele nunca conseguiu reparar a “perda” (amorosa?), mas sua arte sobreviveu e muito bem… preciso ir ver o filme…

    • Oi Bernadete, não se trata aqui de avaliar a música dele, mas o filme. A arte do Arnaldo me interessa muito mais que a do Simonal, por exemplo, mas o filme sobre este é muito melhor. “Loki” me pareceu longo, repetitivo, e não dá bem a dimensão da criação dele. Elogia-se muito, claro, mas não se desvenda a qualidade da obra dele. Até porque o drama pessoal ocupa o centro de tudo desde muito cedo no filme. Mas vá ver e forme sua opinião. Depois, se quiser, passe de novo por aqui e diga o que achou. Beijos.

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