12 Cates e 50 manifestos

Um manifesto é um texto que grita. Mas MANIFESTO impressiona mais pela execução cênica e pelo humor obtido de certos contrastes do que pelo uso dos manifestos propriamente.

Clara contra as escuridões

Se “O Som ao Redor”, centrado principalmente na relação entre o “coronel” urbano e o chefe da segurança, era um filme predominantemente masculino e, de certa forma, uma obra coral de múltiplas interveniências, “Aquarius” é um filme de eixo feminino bem definido, uma vez que todas as relações se estabelecem com Clara (Sonia Braga), e só através dela o filme se constrói.

Uma linda mulher

Entre a beleza e a coragem de desafiar padrões, Ingrid Bergman, até pelo seu porte físico, passou a imagem arquetípica de uma grande, uma linda mulher. Esse filme não deixa qualquer dúvida.

ÉTV: Chamas de Nitrato

René Falconetti, a atriz francesa imortalizada como a Joana D’Arc de Dreyer, teve uma carreira sui generis. Bancada pelo marido e mecenas, um industrial que teria idade para ser seu avô, ela firmou-se no teatro popular e como modelo de moda e publicidade. Foi levada para o cinema por Dreyer, ocupando o lugar destinado inicialmente…

Histórias de Viagem: Cinema na Perestroika

Em 1987, integrei o júri da crítica internacional (Fipresci) do Festival de Cinema de Moscou. Estávamos em plena Perestroika de Gorbachev. Havia um clima excepcional de descompressão política no ar. Filmes longamente proibidos pela censura soviética estavam sendo liberados. Grandes nomes do cinema mundial compareceram ao festival para demonstrar seu apoio à glasnost (transparência) e…

A primeira vez de Caetano

Como contribuição à Biografia do Caetano, lançada no Facebook e galhardamente não autorizada, estou postando este trecho do meu livro Walter Lima Jr. – Viver Cinema. Nele, Caetano Veloso conta sua primeira relação sexual com uma mulher, no caso Anecy Rocha (então conhecida como Anecyr), irmã de Glauber, casada na época com o cinegrafista Hans…

A bola está com Giorgetti

Começa hoje no Canal Brasil, à 0h15 de terça para quarta, uma mostra de filmes do Ugo Giorgetti. Os textos de apresentação foram escritos por mim, mas isso não quer dizer nada diante de quem os lê: a gracinha Leona Cavalli, posando acima de boleira no estúdio de gravação. Giorgetti é um cineasta repleto de…

Tiro pela culatra

Angelina Jolie no setEntre uma explosão e outra, Angelina Jolie faz sua estreia na direção com Na Terra de Amor e Ódio (In the Land of Blood and Honey), um filme de guerra em velho estilo e com as melhores intenções.

Cenas de um casamento

Talvez a proposta de Liv & Ingmar não seja a mais “nobre” do ponto de vista das expectativas de cinéfilos e críticos. Como bem adianta o título, não é um filme sobre cinema, mas sobre amor.

Simone, Maggie, Marilyn!

simoneQuando ela entra em cena, já perto do final do primeiro ato, é como se o iluminador dobrasse as luzes sobre o palco. Ela vem com o mix de sensualidade, beleza, vulnerabilidade e franqueza que imaginamos em Marilyn. Seus meneios de corpo e de voz recriam um arquétipo de feminilidade que parece não existir mais hoje em dia.

Anecy: atualidades

Se não tivesse morrido tão cedo, no auge do talento, Anecy Rocha estaria completando hoje 70 anos. Seria, provavelmente, uma jovial senhora de comportamento ainda irreverente e voz levemente rouca, tingida por um sotaque baiano que nunca haveria de perder.

Duas perguntas à Deneuve

A entrevista coletiva com Catherine Deneuve ontem (quinta) no Hotel Sofitel, no Rio, começou bem atrasada, correu rápida e sequinha, como parece ser o jeito da “Madame”. Ela falou um pouco de Potiche – Mulher-Troféu, o filme de François Ozon que a trouxe ao Brasil por ocasião do Festival Varilux de Cinema Francês.  Falou também…

Cinderela sertaneja

Talvez você se recorde de Marlene França como a morena taluda e bonita, uma espécie de Sophia Loren brasileira, que atraiu olhares e tesões em filmes de cangaço e comédias eróticas das décadas de 1960 e 70. Pode ser que você se lembre dela como atriz  dramática em filmes de Roberto Santos (Nasce uma Mulher,…

Quisiera morir

Diversão de domingo: Soledad Villamil dando uma canja para os convidados do 7º Amazonas Film Festival no domingo passado, nos jardins do Palácio Rio Negro (Manaus). Gravei com meu Motorola Milestone e não soube resolver a perda de synch nos últimos instantes do clipe. Perdoem, mas vale pela raridade.

Em Manaus, com Soledad

Manaus vai ter uma chance de descobrir o segredo dos olhos de Soledad Villamil. Em tempo de mulheres presidentes, a atriz e cantora de tangos será a presidente de honra do 7º Amazonas Film Festival, que começa hoje (sexta). Para disputar os holofotes com ela estarei eu, presidindo o júri de curtas amazonenses e do…

Meus encontros com Vanessa

Romeu e Julieta já se prestaram a quase tudo no cinema. Faltava talvez explorar a romaria turística em torno da casa de Verona onde teria morado a Julieta de Shakespeare. As pessoas não se importam que tudo seja mera ficção: vão lá, tiram fotos no “famoso” balcão, deixam cartas para Julieta (ultimamente podem enviar e-mails…

Vanessa, a rebelde

Entrevista de Vanessa Redgrave a Carlos Alberto Mattos durante o Festival de Moscou de 1987, publicada no Jornal do Brasil. A atriz inglesa Vanessa Redgrave, 50 anos, não perde oportunidade, dentro e fora da tela, de defender suas vigorosas ideias. No Festival de Moscou, Vanessa apoiou Gorbachev e concedeu esta entrevista ao Jornal do Brasil. JB…

Inferno do cineasta, paraíso do cinéfilo

Enquanto assistia a O Inferno, entre um orgasmo estético e outro, eu ora lamentava: que pena que Henri-Georges Clouzot (1907-1977) não concluiu esse filme maravilhoso; ora exultava: que bom que ele não terminou. Sim, porque o fato de nunca ter vindo às telas como obra acabada ocasionou agora esse resgate de um dos conjuntos de…

Retrato de mulher

Finalmente vi Rita Cadillac – A Lady do Povo. É escancarada a diferença em relação ao Alô, Alô Terezinha, do Nelson Hoineff. Isto porque Toni Venturi, ao colar no perfil de uma única ex-chacrete, optou pela narrativa biográfica. Mas não vi nessa escolha um redutor, como afirma minha amiga Patricia Rebello em sua resenha no…

Alucinadas!

O que têm em comum Cléopatra, Salomé e a Lola Lola de O Anjo Azul? Ou Betty Blue, Barbarella e a Camila de Nome Próprio? São todas mulheres “intensas, passionais, tempestuosas e vulneráveis”, no entender de Julio Cesar de Miranda, da saudosa locadora Polytheama. Ele é o curador da mostra Mulheres Alucinadas, que ocupa o…

Dias de Glória

Ontem (terça) foi meu dia de Glória Pires. Pela manhã, a vi carregar nas costas o melodrama de Lula, o Filho do Brasil. Suas aparições são breves em relação aos outros personagens, mas cada vez que Dona Lindu entra em cena, é como se ligasse a corrente elétrica do filme. Poucas palavras, muitos olhares e…

Ver Débora

Esta semana ela entrou na minissérie Som & Fúria como Julieta no baile de Verona. Só havia olhos para Débora Falabella. Ela fazia uma Julieta cujo amor transbordava da personagem para a atriz. E a gente não se contentava em gostar somente da personagem. Esses dias ela está também no palco do Teatro Nelson Rodrigues,…

A sombra de Rita

Rita Lee é a grande presença-ausência em Loki, o documentário sobre Arnaldo Baptista. O que se depreende do conjunto de depoimentos é que Arnaldo pirou por causa das drogas e da separação. Rita é uma sombra que se projeta sobre tudo, mas aparece apenas em fotos e filmes antigos, além da voz nos Mutantes. Ela…