O oposicionismo militante de O Globo já chegou às raias do ridículo. Na edição de hoje, a capa omite completamente a manchete do caderno de Economia (“Otimismo de volta a empresários” – aliás, que redação é esta?) e dá um destaque incompreensível a denúncia miúda envolvendo a Petrobras.
Não gosto de escrever sobre política, mas os factóides do jornalão estão embrulhando o estômago, dia após dia. No noticiário internacional e na Economia, só dá Brasil, mas as chamadas de capa desconhecem essas editorias. Na capa, O Globo é pura campanha. É assim que se forma a opinião da classe média subinformada.
Carlinhos querido, minha admiração por você só aumenta. 🙂
Quanto aos jornalões, já desisti deles. Lembrei do que li há alguns dias em outro blog:
“Você pode ler jornais e revistas e websites e ficar sabendo das notícias através do filtro dos jornalistas. Ou você pode ler weblogs e ficar sabendo das notícias através do filtro dos blogueiros que ficaram sabendo das notícias através do filtro dos jornalistas. Ou você pode acompanhar os item compartilhados no Google Reader e ficar sabendo das notícias através do filtro dos seus amigos que ficaram sabendo das notícias através do filtro dos blogueiros que ficaram sabendo das notícias através do filtro dos jornalistas. Ou você pode não se interessar por essas coisas todas e simplesmente não ficar sabendo das notícias.”
http://www.nemonox.com/ppp/archives/2009_07.html#010381
Tá difícil.
Gallego, você está parecendo esses motoristas de táxi: “Político é tudo igual, é tudo uma merda”. O fato é que a política é mesmo terreno pantanoso, mas é preciso sempre escolher de que lado se está. Não sei a quem atende esse discurso do “deserto de homens”. Vamos entregar, então, o país a quem, às ovelhas? Aos tucanos? Quanto a O Globo, o que irrita não é a postura política, mas o contorcionismo na valoração das matérias e o tom de campanha deslavada.
Concordo que o “oposicionismo militante” dO Globo pode embrulhar estômagos. Mas, haja estômago ! Pois, entre dois fogos, também embrulha o estômago o “outro lado” que o jornal ataca e cuja vidraça está frágil – quando não precisando de uma limpeza muitas e muitas vezes. O lulismo acabou muito parecido ao Fernandohenriquismo em matéria de decepção para os que esperavam estadistas de fato em vez de fazedores de alianças espúrias em nome da governabilidade – ou de interessesde perpetuação no poder? Em resumo, a mesma velha história: o mar briga com o rochedo, O Globo com o governo e pagam os caramujos de sempre: os que nem sempre somos classe média subinformada, por mais que a nossa “grande (?) imprensa” por definição seja partidária do contra qualquer governo que se aproximasse de um ideário “de esquerda”, mesmo que tais metas pareçam cada vez mais miragens em um deserto de homens que mereçam o nome de políticos e não de politiqueiros, deserto onde só se vê mais do mesmo desde que Machado de Assis demonstrou que, na sua época, nada mais parecido com um monarquista do que um republicano, gêmeos idênticos que eram no subestimado “Esaú e Jacó”. Nada mais aprecido com um PSDB no governo do que um PT no governo. Tristes trópicos…