A CHANCE DE FAHIM
A CHANCE DE FAHIM tem tudo para agradar a quem apeteça uma história terna, previsível e contada sem muita imaginação. Baseia-se na saga verídica de um menino expert em xadrez que emigrou de uma Bangladesh conflituosa para Paris com seu pai, um ex-bombeiro sem maiores aptidões. Lá, enquanto tentam conseguir asilo político, Fahim ganhará a proteção de um preparador de enxadristas mirins (Gérard Depardieu) e da diretora do centro de treinamento (Isabelle Nanty).
O filme foi adaptado e dirigido por Pierre-François Martin-Laval, comediante e cineasta conhecido por transposições de histórias em quadrinhos. Aqui ele trabalha com figuras típicas, unidimensionais, divididas entre vilões (o sistema de imigração francês e a elite dos enxadristas) e bons samaritanos (todo o resto). Fahim é um pequeno gênio, excelente em tudo, o que prejudica um pouco a identificação da plateia com ele, apesar da simpatia natural do ator Assad Ahmed. Depardieu encarna outro lugar-comum, o do brutamontes irascível mas de coração mole.
Os contrastes se estendem à caracterização dos bengaleses como gente que chega sempre atrasada aos compromissos, não sabe comer com talheres e vive mal-entendidos com o idioma francês. A França, por sua vez, aparece generosa no atendimento à população de rua, mas insensível na hora de deportar os imigrantes ilegais. Uma frase de efeito ecoa da boca de uma personagem para além do filme: “A França é o país dos direitos humanos ou somente da declaração dos direitos humanos?”
Algumas gags espirituosas no trato dos meninos com o xadrez pavimentam o roteiro até o desfecho, onde o suspense corre paralelo entre uma decisão de campeonato e o destino do pai de Fahim nas mãos da polícia francesa. Uma direção pouco imaginativa e movimentos muito calculados no tabuleiro do drama limitam o apelo de um filme afável e modesto.