Nas noites de segunda e terça, os espectadores do Canal Brasil estão tendo que me aturar por breves minutos.
Hoje, ou melhor, à 0h15 de terça, apresento a Mostra Beto Brant. Dessa vez o cartaz é Crime Delicado. Antes do filme, rola um papo de 10 minutos com o diretor, em que ele comenta a realização e a guinada que este trabalho representou em sua carreira. Em consequência, Beto fala também da presença do teatro e da pintura na história. Ele ainda me questiona sobre o papel do crítico diante das imperfeições, um dos temas centrais do filme.
Produzido em 2005 a partir de um romance de Sérgio Sant’anna, Crime Delicado representou uma considerável novidade na carreira do diretor. Depois de três longas-metragens marcados pelo suspense e a ação – Os Matadores, Ação Entre Amigos e O Invasor –, Beto optava por um drama intimista, estreitamente relacionado com o teatro e a pintura. Marco Ricca vive Antonio Martins, um crítico de teatro exigente e perfeccionista que subitamente se apaixona por uma jovem a quem falta uma perna. Ao mesmo tempo que mostra a desestabilização da vida de Antonio, a sofisticada narrativa do filme sugere outras reflexões sobre o corpo na arte, o ciúme, o fetiche e a coragem para aceitarmos nossas próprias imperfeições.
Já no início da madrugada de quarta, também à 0h15, eu recebo Anna Muylaert no programa Faróis do Cinema. Quando conversamos, Anna ainda não havia passado pela rajada de sucesso em Sundance e Berlim, mas já falou do seu novo filme, Que Horas Ela Volta?. A moça já fez crítica de cinema e é também roteirista com parceiros como Cao Hamburger, Claudio Assis e Karim Aïnouz. De tudo isso ela extrai um pouco de inspiração para o seu próprio jeito de fazer cinema. No programa, Anna vai dizer o que considera “excelência na direção”, exemplificando com cenas de Fellini, Woody Allen e Stanley Kubrick. O Som ao Redor e O Céu sobre os Ombros são dois filmes brasileiros recentes que ela inclui entre suas grandes admirações.
O programa tem a duração enxuta de 12 minutos. Em seguida, passa Durval Discos, primeiro longa de Anna Muylaert.