PINÓQUIO no streaming
Desde 1911, o livro As Aventuras de Pinóqui foi adaptado ao cinema dezenas de vezes, das quais a mais famosa é a animação de Walt Disney. Até Spielberg flertou com ele quando deu vida ao menino-robô de A.I. – Inteligência Artificial. Roberto Benigni dirigiu e interpretou o boneco de madeira numa das transposições mais fracas, em 2002. Nesta nova versão de Matteo Garrone, Benigni assume o papel de Gepetto e tenta injetar comicidade no primeiro ato do filme. Em certa medida, repete a figura do pai desvelado de A Vida é Bela.
O Pinóquio (Pinocchio) de Garrone é bastante fiel ao original de Carlo Collodi, embora eliminando várias peripécias para o bem da economia narrativa. Ainda assim, o boneco que quer se transformar em menino de carne e osso passa por apertos variados, que incluem ser enforcado, engolido por um tubarão gigante e transformado em burrico. Há uma nítida intenção de resgatar o sentimentalismo e as mensagens embutidas no livro de Collodi. Crianças devem ser obedientes, amar seus pais, não gazetear a escola e não mentir.
A fidelidade, contudo, não garante os melhores resultados. O filme, bem cuidado visualmente, carece de encantamento e tampouco assume o lado grotesco – como, aliás, promete Guillermo Del Toro com seu anunciado projeto de Pinóquio. Os atores travestidos de animais parecem ridículos como em Cats. As vozes em falsete soam irritantes e sem graça, assim como várias tentativas de fazer um humor nem bem infantil, nem bem adulto. O excesso de abraços denuncia a busca de fazer um filme-família, mas que fica apenas meloso e burocrático.
Por razões que me escapam, Garrone minimizou a principal característica de Pinóquio, que é o crescimento do nariz a cada mentira. Isso só ocorre uma vez e, quando ele volta a mentir diante do juiz-gorila, o nariz permanece estático. Seria por se tratar de uma mentira salvadora ou porque o boneco já começava a se tornar menino? Nenhuma explicação parece plausível.
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