As passagens de Mandela (com Winnie), James Brown e Desmond Tutu pelo Brasil, uma apresentação de Mestre Aniceto no Circo Voador, um depoimento de Abdias Nascimento sobre a trajetória da luta negra no Brasil. Eis alguns dos muitos vídeos que já estão sendo disponibilizados no novo endereço Cultne – Acervo Digital de Cultura Negra. O site está sendo lançado hoje (terça) no Cine Odeon (Rio), às 19 horas. A movimentação vai se estender por mais quatro dias de exibições e debates no Cinema Nosso (Lapa), encerrando no sábado com a festa Usafricarib na Estrela da Lapa.
O Cultne tem por trás o brasileiro Filó Filho e a inglesa Vik Birkbeck. Já no início da década de 80, apareceram produtores atentos à efervescência da cultura negra por aqui. Ras Adauto e Vik Birkbeck criaram a Enúgbarijo Comunicações, que levou o nome do exú mensageiro, a Boca Coletiva. Filó Filho e Carlos Alberto Medeiros fundaram a Cor da Pele Produções, além do conceito Griot, via Quilombo Eletrônico. Com o advento das primeiras câmeras de vídeo portáteis e independentes, percorreram toda a cidade do Rio de Janeiro, onde eram facilmente avistados pelas ruas, morros, avenidas, salões, além de passarem pelo Clube Palmares de Volta Redonda e filmarem os agitos nas cidades de Juiz de Fora, Belo Horizonte, Salvador e São Paulo. O resultado é um gigantesco acervo de material em vídeo.
A fim de facilitar o acesso do público, Filó e Vik digitalizaram todo o material e criaram o site. O patrocínio é da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do governo do estado. São cerca de mil horas de imagens, gravadas originalmente em VHS e disponíveis para visualização, download, reedições, mashups e tudo o mais que a imaginação possa produzir.
Filó e Vik convidam quem tiver material desse tipo em casa, seja analógico ou digital, a incorporá-lo no site. O Cultne quer virar referência.