Facebook contra Bonequinho

A lista de "amigos" na bilheteria do Espaço SESC Rio

Um novo capítulo nas relações entre crítica, exibição cinematográfica e redes sociais pode estar sendo escrito agora mesmo aqui no Rio. Estreou na última sexta-feira o filme chileno A Vida dos Peixes, de Matías Bize. A crítica Susana Schild atribuiu-lhe um Bonequinho dormindo em O Globo e um texto inspirado em que tirava sarro com as deficiências do longa. Inconformado com o que considerava uma apreciação injusta, Marcelo França Mendes, diretor do Grupo Estação, que distribui e exibe o filme, lançou uma “promoção” no Facebook, convidando seus 705 amigos a verem o filme de graça. Só pedia aos que gostassem que recomendassem a seus amigos. No dia seguinte, mesmo dizendo correr o risco de ser “internado” pelos seus sócios, ampliou a oferta, a pedidos. Os amigos dos amigos poderiam pagar meia entrada.

A tentativa de “salvar” um lançamento através da rede social parece cabível numa cidade dominada por um único jornal. É claro que existem filmes impermeáveis à opinião crítica, seja ela qual for. Mas a grande maioria, como A Vida dos Peixes, depende muito dessa valoração para ter uma carreira razoável. Em casos como esse, o Bonequinho de O Globo pode ser um ícone cruel. Mais do que estrelinhas, carinhas sorrindo ou chorando, dedos para cima ou para baixo (ou mesmo “ourinhos”, como neste blog), o boneco induz o leitor a supor uma determinada atitude diante do filme. Sair do cinema, dormir ou aplaudir são gestos peremptórios, que não admitem gradação. Em épocas como agora, quando estão em cartaz vários filmes com boneco aplaudindo de pé, o público acaba concentrando nesses sua preferência, e quase nada sobra para os demais.

Minha amiga Susana Schild cumpriu seu papel dignamente. Do que ela escreveu, nada pode ser frontalmente contestado. Mesmo assim, é preciso admitir que se pode estabelecer outra relação com o filme. Se o início parece de fato aborrecido e desinteressante, quem se dispuser a entrar no jogo de Matías Bize pode até se emocionar com a meia-hora final. Um dos aspectos em que discordo ligeiramente de Susana é quanto à inexpressividade do ator Santiago Cabrera. O rapaz não é mesmo nenhum Ryan Gosling, mas acho que sua apatia tem uma função: além de expressar um traço coerente do personagem, reforça o fato de ele ser um mero dispositivo de narrativa. O que Andrés mais (e melhor) faz é ouvir. Assim, atua como avatar do espectador para receber os dados da trama. Nesta, nem tudo faz muito sentido, como o tal trauma no seu passado. Mas os ecos da relação com Beatriz e o suspense em torno do encontro alimentaram meu interesse em boa parte do tempo.

A direção de Bize é eficaz, com excelente aproveitamento de espaços exíguos (como em Na Cama) e um ótimo trabalho com o elenco. Branca Lewin, em seu monólogo central, é capaz de siderar o espectador que a ele (a ela) se entregar.

Enfim, não saí aplaudindo nem tive sono enquanto via A Vida dos Peixes. A diversidade de opiniões é um bem precioso. Uma crítica assinada é a opinião de uma pessoa (credenciada, às vezes, mas ainda assim um indivíduo). Sei, por exemplo, que esse filme escapou por pouco de receber uma cotação ainda pior de outro crítico de O Globo. O que importa discutir não é esta ou aquela opinião, mas a hegemonia do Bonequinho, no nível em que se dá hoje. Isso, sim, é uma distorção do papel da crítica.

Quanto ao Facebook do Marcelo, foi um recurso elegante e inventivo. Gerou comentários engraçados, como o de Zé José (Eduardo Souza Lima): “Maravilha! De graça, até filme chileno”. Se der certo e a coisa pegar, quem sabe as próximas promoções vão incluir o pão de queijo.

14 comentários sobre “Facebook contra Bonequinho

  1. Lembro de “A Vida do Peixes” com sessões esgotadas no Festival do Rio 2010 e também na exibição de repescagem. Também me lembro de mais de dois amigos comentando sobre a beleza do filme, que me atiçou a curiosidade, mas nunca tive acesso à obra. Gostei muito quando vi que ela entraria em cartaz no Estação Botafogo, e não me dei conta da crítica do Globo, gosto apenas de comparar as opiniões dos críticos. Afinal hoje em dia, com as redes sociais, somos muito mais influenciados pelas opiniões de nossos amigos e conhecidos do que pelas dos indivíduos por trás das iniciais nos jornais.

  2. Entendo que havendo UMA ÚNICA crítica desfavorável em uma cidade inteira para um filme – no mínimo – difícil (para não dizer cansativo em grande parte e ensurdecedor na parte final) como é “A Vida dos Peixes” possa desanimar algumas (ou muitas?) pessoas que iriam arriscar ir vê-lo (e talvez não gostar – a propósito, ficou famosa a crítica do Janot com bonequinho de pé para outro filme chileno, “Tony Manero” – ele quase foi atacado no elevador do prédio onde reside por senhoras que foram nas águas da crítica entusiasmada dele mas odiaram o filme; aliás, eu entendo a opinião das senhoras perfeitamente).

    Não vejo nada de mais que o Estação ou qualquer cinema utilize as críticas favoráveis como modo de divulgação do filme. Mas a crítica favorável ao belo “A Guerra está declarada” não serviu de nada para o filme emplacar… Mas é estranho usar as críticas boas – e de certa forma reagir tanto quando a crítica não é favorável (no caso, desfavorável à bilheteria).

    Uma crítica favorável a filmes menos fáceis para o grande público (que em grande parte prefere “mais do mesmo” como os blockbusters-clichês) pode ajudar por uma semana, mas se não cair no gosto do público, a segunda semana vai ser fraca e a terceira… fraquíssima em termos de bilheteria – se houver 3a. semana…

    A crítica ideal não daria nota, nem estrelinhas, nem nada: conversaria com o público sobre os filmes, ofereceria UMA possibilidade de olhá-los (com bons ou maus olhos, de acordo com o ponto de vista de quem escrevesse tal texto, pois não existe o ideal de neutralidade absoluta nem em psicanálise como se preconiza, quanto mais em um ensaio ou uma crítica. Sempre há uma subjetividade inevitável).

    Mas o que temos hoje e há muito tempo no Rio são pequenos espaços para resenhas que têm que ser valorativas (ou desvalorativas). E o compromisso do resenhista tem que ser com sua opinião honesta e com seu potencial público leitor.

    Lamenta-se que haja tantos filmes “abaixo da crítica”, ou frustrados, ou equivocados, ou estereotipados, ou sem caráter (seja no sentido de não terem um mínimo de particularidade/originalidade – seja no sentido de falata de honestidade de propósitos.

    Geralmente críticos são pessoas que amam/adoram o cinema e gostariam que todos os filmes fossem ótimos. Não é o caso. Lamenta-se que um esforço sério com resultado cinematográfico satisdfatório (ou mesmo insatisfatório) não dê público; ou resulte em um texto que deixa passar a ideia de que tal filme seja bem “mais ou menos” (infelizmente, muitas vezes estão mais para “menos” do que para “mais”).

    O ideal seria que o jornal permitisse que cada filme tivesse pelo menso dois renehistas, e que, se é para dar cotações, que sejam dadas por todos os colaboradores, mesmo os que não escreveram especificamente sobre o filme (em debate, portanto).

    Mas não existe modo bom de dar uma má notícia: se a impressão do crítico foi pouco favorável, não haverá palavras gentis que melhorem o astral de quem se sentir desfavorecido com a crítica.

    • Realmente parece que escrevo para as paredes… O que há de mal em tentar promover um filme que teve uma crítica ruim? Novamente e pela vigésima vez, não houve reclamação contra a crítica, o autor, o jornal, o boneco ou qualquer outro ataque a qualquer pessoa ou instituição. O que há de mal em estimular pessoas comuns, espectadores, a escrever sobre o filme se gostarem? Meus Deus, a reação de alguns críticos tem sido: “reclamam quando o boneco dorme mas não quando aplaude”. Mas quem reclamou? Apenas fiquei inconformado com a crítica que de forma cruel praticamente disse “Não vá e não veja”! Teria que ficar conformado com isso? O Boneco do Globo por acaso é selo do INMETRO?

      “Mas não existe modo bom de dar uma má notícia: se a impressão do crítico foi pouco favorável, não haverá palavras gentis que melhorem o astral de quem se sentir desfavorecido com a crítica.” Discordo completamente e se é assim que a crítica hoje em dia pensa, realmente é lamentável. Um crítico pode muito bem ser gentil falando dos defeitos de qualquer obra e até mesmo dizer que não há qualidade alguma naquilo, não há a necessidade de se usar ironias, grosserias, adjetivos ou coisa do gênero. Aliás, quanto mais adjetivada é uma crítica, pior o crítico. Aqui mesmo, é só ler a crítica do Carlinhos para ver um exemplo de crítica bem feita, que coloca defeitos e qualidades de forma elegante e clara.

      Também nunca disse que um boneco aplaudindo era garantia de sucesso. Filmes têm títulos, gêneros, elenco, histórias e recursos financeiros diferentes, é óbvio que devem ter resultados diferentes. O que acontece é que um boneco dormindo ou indo embora (dependendo do filme, até olhando) corta a carreira do filme de forma abrupta e não permite uma segunda ou terceiro opinião. Essas opiniões é o que estou buscando de forma legítima, educada e até divertida.

      Quem está reclamando, não sei por que, é parte da crítica, que deveria ao invés disso achar saudável que as pessoas se manifestem.

  3. Marcelo,

    Li tudo que vc escreveu.

    Reitero – não me senti atingida pelas suas observações.

    De minha parte, continuo ‘amiga’,
    torcendo por bons, ótimos filmes para o público,
    para a crítica, para você, para todos. Eventualmente,
    filmes menos bons podem provocar boas reflexões. Ironias
    da vida – e há tantas, não é?

    Reitero tb: sou super-favorável a uma
    ampliação do espaço crítico e do debate.

    Quanto à força do bonequinho magrinho:
    mais um tema para debate e reflexão.

    O que aconteceu com o espectador do Rio de Janeiro?
    O que o motiva a sair de casa – para ir ao cinema, ao teatro,
    assistir a um show? Somente a crítica? Ela vale para todos os segmentos?

    Mas permanecendo nas salas de cinema:

    E o que dizer de casos em que o bonequinho aplaude
    e o filme não acontece? Se dependesse só dele, vários
    filmes, sobretudo brasileiros, teriam filas enormes na porta e carreiras
    vitoriosas, mas os números provam o contrário, sinal de que a suposta autoridade do bonequinho nem sempre é acatada (olha aí, mais um tema para discussão).

    Ontem (quarta-feira, 11 de abril), O Globo publicou pertinente matéria com o diretor Hal Hartley, na qual ele explica pq ‘esnoba’ circuitos e festivais, e prefere lançar filmes na web. Sinal dos tempos, bem conturbados, aliás, em que um diretor francês filma os primórdios de Hollywood e ganha o Oscar de melhor filme, enquanto um monstro sagrado do cinema americano atravessa o Atlântico para filmar as origens do cinema francês com tecnologia de ponta e perde a estatueta para um filme mudo em preto e branco. Vá entender…

    Enfim, temas para debates, questionamentos, não faltam.

    Tenho certeza de que muitas desavenças
    e muitas concordâncias virão. Ainda bem –
    as idéias ficam mais afiadas, as pessoas mais próximas (espero).

    E, homenageando Carlinhos que veio da Índia,

    Namastê!

    Um abraço caloroso e fraterno

    Susana

    • Susana,
      Como já disse inúmeras vezes, nunca ataquei ou pretendi atacar você. Tenho muitas críticas ao seu texto sobre esse filme mas não fiz nenhuma, nem aqui, nem no FB e nem publicamente (aliás, nem privadamente a vc). Acho que você mandou mal no tom de galhofa com que tratou do assunto aqui (aliás, parecido com o tom da crítica) nesse blog pois se para você foi apenas uma crítica, os reflexos dela foram sentidos até em Santiago. Muitas pessoas passaram a Páscoa deprimidas por causa dela. Você não pode pensar nisso quando faz uma crítica mas deveria ter ao menos respeito por isso, pelos efeitos que ela certamente causaria ou causou. E não teve, infelizmente.
      E quanto a influencia do Bonequinho, se quiser te demonstro com gráficos, equações e textos como ela se manifesta, para o bem e para o mal. Acontece que quando o boneco dorme ou vai embora isso define a carreira do filme. Com outros bonecos, depende do que é o filme, pois nenhum filme é igual ao outro. Obviamente, uma comédia com boneco aplaudindo de pé tem mais chance que um drama. Mas isso é um assunto longo demais e as pessoas têm que estar abertas a ouvir, o que não me parece o caso.
      Um abraço e tudo de bom,
      Marcelo

  4. Gallego, não estou criticando a crítica e por favor não me coloque no mesmo barco de quem pode fazer uma caça aos críticos. A Susana fez a sua parte, foi ver o filme e escreveu sua avaliação. Da mesma maneira que no “Incêndios”. A Susana faz críticas a mais anos do que ela agostaria de admitir (assim como eu as leio por todo esse tempo) e se formos fazer uma balanço, suas críticas mais ajudaram o Estação do que o contrário, com larga margem de folga. O que quero discutir e não é de hoje que falo isso (apenas ficou mais fácil agora com as mídias sociais) é que nos dois casios, por exemplo, a opinião de qualquer crítico ou de qualquer outra pessoa não valeram nada, comercialmente falando, apenas a opinião da Susana. Eu não gostaria de ter essa responsabilidade.

    Esta semana, por exemplo, vamos estrear AS NEVES DO KILIMANJARO e CAIRO 678. Se o Boneco aplaudir, milhares de pessoas vão ver. Se não, ninguém ou muito pouca gente. E eu, num caso pago o aluguel das salas e em outro não. Vc acha possível administrar um negócio que tem 200 funcionários assim?

    O Bonequinho hoje é maior que seu próprio criador. De nada adianta a capa do Segundo Caderno se o Boneco dormir. Aliás, A VIDA DOS PEIXES teve isso.

    XINGU e HELENO, que podem ser considerados fracassos comerciais, em maior ou menor escala, têm feito muito público no Rio em contrapartida ao resto do país. Para ambos o boneco aplaudiu. Oito das dez melhores receitas do HELENO estão na Zona Sul do Rio! assim como 50% do seu público no Brasil. Vamos dizer que são os botafoguenses? Difícil crer. Então vejamos XINGU. Nada menos que 6 dos dez melhores resultados estão na Zona Sul do Rio! Qual outra justificativa poderia ser além da força do Boneco? Afinal, há muito mais gente em SP do que no Rio, há mais jornais lá, mais dinheiro, mais cinemas, mais tudo.

    É contra essa deformação que falo.

  5. O grave é uma cidade da importância do Rio ter apenas um jornal dominando corações e mentes,
    Viva as redes sociais!

  6. Acredito que todo ranking é maléfico. Seja bonequinho, estrelinha ou afins. É uma simplificação do ato crítico.

  7. Susana, onde destilei meu ódio contra o bonequinho? Ao contrário, venho defendendo ele em diversos posts comentando o assunto. O que não acho justo é que algo tão importante (sim, porque nosso magrelo define o que será ou não visto pelo público) seja definido por apenas uma pessoa. Mais justo seria um quadro como na época do JB. Assim as pessoas passariam a se identificar com esse ou aquele crítico e poderiam formar uma opinião, o que não é possível hoje.

    Quanto a usar o Bonequinho quando ele aplaude, ora bolas! Qual o problema se ele é de fato hoje a referência para as pessoas. Ou só temos o direito de tomar na cabeça quando o boneco olha, dorme ou vai embora e não podemos recuperar quando ele aplaude? O aluguel, a luz, os funcionários custam o mesmo independente do boneco, com a sala cheia ou vazia.

    Peço que as pessoas não confundam o que estou fazendo. Discordo da Susana mas nenhum momento a desrespeitei. Ponto. Estou discutindo um sistema que é injusto: uma pessoa não deveria determinar o que milhares de pessoas devem ver. E isso é o que acontece no Rio hoje e há muito tempo, infelizmente.

  8. Salve Carlinhos!

    Concordo com suas sensatas ponderações sobre a crítica em geral e, particularmente, quanto às questões geradas pela hegemonia do ‘bonequinho’ de O Globo, tão magrinho, tadinho, com tão poucas linhas, e alvo de manifestações tão extremadas de amor e ódio.

    Sou inteiramente favorável à discussão, ao embate de idéias, a colocar ‘filmes em questão’, mas ressalto que esse confronto só interessa aos ‘atingidos’ quando o bonequinho não aplaude (sentado ou de pé). Nesses casos, a voz única é muito bem-vinda, como aconteceu com Incêndios, por exemplo, que ficou meses em cartaz ( e do qual Gallego e outros não gostam nada – e têm todo direito).

    Os tempos andam realmente ferozes para os chamados ‘filmes médios’. Blockbusters marquetados não estão nem aí para a avaliação do bonequinho, como aliás nunca estiveram. Lembro que nos tempos do JB, dei bola preta para Ghost e o saudoso Paulo Fucs da então UIP comemorou cinco ou seis milhões de espectadores. De vez em quando, com seu humor particular, ele pedia: ‘dá outra bola preta, dá’. De vez em quando eu atendia.

    Devo dizer também que não me senti ‘pessoalmente atingida’ pela insatisfação compreensível do Marcelo Mendes, que destilou seu ódio contra o bonequinho e partiu para defender seu peixe com as armas do momento. Sua atitude do Marcelo foi muito diferente da do diretor de Reis e Ratos que ofendeu, pessoalmente, Daniel Schenker e ainda, a ‘instituição’ do bonequinho (dormindo, é óbvio).

    Voltando ao Marcelo: acho que ele poderia ir mais fundo na sua criativa iniciativa e convocar também eventuais inimigos. Quem sabe, eles gostam do ‘Peixe’ e viram amigos? Sugiro também que ele não pergunte aos ‘amigos’ consolidadados se eles permanecem como tal depois do filme, que já conta com vc e, até o momento, com Roni Filgueiras como razoáveis defensores. Olha aí, Marcelo, já são dois. De peixe em peixe….

    Quando o filme tem possibilidade de ser discutido, avaliado, melhor para todos, mas a crítica costuma funciona como mãe de adolescente: ótima quando concorda com ele, péssima quando discorda.

    Felizmente, muitos outros filmes virão.
    abraços para todos,

    Susana

    .

    • Susana,

      Acabo de reler sua resposta aqui e fiquei realmente preplexo com algumas coisas que você escreveu, ainda mais depois da nossa gentil troca de emails. Como já disse, em nenhum momento questionei você ou o Bonequinho. Não concordei com a crítica e busquei usar as poucas armas disponíveis que tinha (uma brincadeira de FB) para tentar ressuscitar o filme e salvar a minha própria pele. Nunca te desrespeitei e nunca faria isso. Mas, Susana, você sim me desrespeita quando fala que “destilei todo meu ódio contra o bonequinho”. Isso não é verdade e gostaria que vc apontasse onde. Você talvez não tenha percebido, mas ao dizer em sua crítica que o filme é “para espectadores muito benevolentes”, acaba desrespeitando os espectadores que porventura gostem do filme. Não acha isso um pouco pretencioso? E agora, aqui no blog, você faz chacota da campanha que estou tentando fazer entre amigos. Não tenho um cadastro de inimigos, Susana. Não tenho inimigos suficientes para isso, graças a Deus. Mas se tivesse os teria convidado também, sem problemas.

      Tenho certeza que meus amigos continuarão sendo meus amigos mesmo que tenham ressalvas ao filme. Pois o tempo todo estou dizendo: ‘”eu gostei, vá ver e diga o que acha”. Na realidade nada mais fiz do que aquele clichê teatral, que se ouve sempre quando a peça acaba: “Se vcs gostaram, indiquem aos amigos. Se não, aos inimigos”. Nada mais velho.

      Mas parece que vc se sentiu de certa forma atingida com minha (esta sim) magrela campanha, que nunca visou te atacar ou mesmo o Globo ou o Bonequinho, que de tadinho não tem nada, já que é mais poderoso que o próprio jornal. “Peixes” teve uma página inteira de capa do Segundo Caderno 15 dias antes da sua crítica e seu diretor foi apontado como um dos talentos mais promissores do continente (http://globotv.globo.com/infoglobo/o-globo/v/a-revolucao-do-cinema-chileno/1858803/). Ou seja, uma página inteira (de capa) não foi páreo pro tadinho do magrinho…

      Por fim, Susana, não são apenas duas pessoas, além de mim. Pare por favor com as ironias. Você sabe que o filme ganhou o Goya, foi selecionado para Veneza, foi o representante chileno no Oscar e venceu mais alguns prêmios e tem uma coleção de críticas favoráveis. Portanto há muito gente que não concorda com você e que merece tanto respeito quanto… você.

      Um abraço, Marcelo

  9. Concordo com as argumentações em torno do “código” do bonequinho (muita gente ainda acha que “bonequinho dormindo” quer dizer que o filme é tedioso, chato e induz ao sono concretamente – quando é apenas o equivalente auma cotação do tipo “fraco” ou “ruim” – e o que será “boneco saindo”? “Muito, mas muito ruim?).
    Concordo com o fato lamentável de só termos praticamente um jornal impresso de grande circulação “ditando” avaliações de filmes.
    Mas concordo quase plenamente com o texto da Susana: excetuando “Na Cama”, os dois outros filmes que vi desse diretor (“A Vida dos peixes” incluído) me decepcionaram enormemente.
    Mas é preciso chamar a atenção para o seguinte: outro crítico (que exerce suas funções com seriedade e respeito ao público a quem ele se dirige ao comentar um filme) foi recentemente ofendido em carta ao jornal por um cineasta inconformado com a avaliação que Daniel Schenker fez do seu foilme (o lamentável “Reis e Ratos”).
    A crítica pode ser criticada, claro. Mas do jeito que as coisas estão indo a temprada de caça às críticas de um modo deselegante do tipo “humilhados e ofendidos” passando ao ataque vai ficar sério.
    O Grupo Estação coloca os “bonequinhos” na porta dos seus cinemas quando a crítica é elogiosa (muitos textos da Susana já foram utilizados, inlclusive para “Incêndios” que está longe de ser unanimidade entre nós: há cr´ticos que acham o filme péssimo, dentre outros, eu mesmo, João Marcelo e Gilberto Jr.). Usam textos mesmo quando o bonequinho é levemente favorável ou não totalmente desfavorável (bonequinho sentado – que pode ser um enigma: sentado atento? sentado sem interesse?) E agora, quando o texto é desfavorável ao resultado do filme, surge essa reação? Esse uso da crítica me parece parcial e nada democrático de fato.

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