VIVA A FRANÇA! é o estranho título brasileiro para o drama de guerra “En mai, fais ce qu’il te plaît” (“Em maio, faça o que quiser”). O título original, não menos estranho e de inspiração prosaica, sublinha a questão do livre arbítrio, uma das que são superficialmente discutidas no filme. Quando o avanço das tropas de ocupação alemãs põe em risco uma pequena cidade francesa, o prefeito implementa a retirada da população. Sua liderança será questionada em vários momentos, inclusive por ele mesmo. No entanto, esse não é o foco principal do diretor e corroteirista Christian Carion, mas sim a solidariedade e a desconfiança em tempos de guerra.
Duas linhas narrativas evoluem em paralelo: o êxodo dos habitantes de Lebucquière em direção ao sul, enfrentando fome e ataques alemães, e a busca de um pai pelo filho extraviado na guerra. As duas linhas vão se aproximar por obra de coincidências no limite do verossímil ou por ingredientes melodramáticos como mensagens deixadas em lousas escolares. Algumas sequências alcançam razoável apelo emocional. É o caso da passagem da caravana pelos restos de um massacre ou da carga de artilharia aérea sobre os refugiados. Outras, como as intervenções de uma equipe de filmagem nazista, parecem menos integradas ao argumento principal. A música de Ennio Morricone, sem ser das mais memoráveis, é suntuosa e pungente, como de hábito.