O documentário SURF NO ALEMÃO, de Cleber Alves e Eduardo “BR” Dorneles, produzido pela Cavídeo, é uma eficaz apresentação do projeto homônimo, conduzido por Wellington Cardoso no Complexo do Alemão. Mas vai pouco além disso, à falta de uma estrutura narrativa que ultrapasse a mera demonstração.
Desde 2011 o simpático e generoso Wellington vem atraindo crianças da comunidade para as pranchas, fazendo do surf uma ferramenta de melhoria da educação e da formação pessoal da garotada, afastando os meninos da vida no tráfico e no crime. Muitos o chamam de “pai”, o que deixa claro o vácuo de paternidade de tantos filhos ali.
Sem patrocínio, contando apenas com o apoio do Cades (Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento do Surfe) e de alguns indivíduos como o surfista profissional Phil Rajzman, o projeto é digno de toda atenção e reconhecimento. O que impede o documentário de deslizar melhor no assunto é o limite estreito escolhido.
O que predomina é uma sucessão de cabeças falantes intercambiando elogios recíprocos e ao projeto. A história pessoal de alguns garotos ocupa boa parte do tempo sem grandes variações, o que reduz a dinâmica do filme. A dicotomia entre o Bem e o Mal soa simplória, deixando apenas esboçada a influência da igreja evangélica sobre a mentalidade das pessoas. O fato de Wellington ser o gerente do CineCarioca Nova Brasília, única sala de cinema do Alemão, não repercute como seria de se esperar.
O valor de SURF NO ALEMÃO é sobretudo de inspiração e motivação para atitudes louváveis como a de Wellington Cardoso.