Festival do Rio
Sobre Woody, com amor
Não sei qual o documentário que melhor apresenta Woody Allen – se Wild Man Blues, de Barbara Kopple (1997), que o “observava” durante um turnê como clarinetista, ou se esse Woody Allen: Um Documentário, que oferece um painel expositivo de sua carreira como comediante e cineasta. Se naquele Woody era personagem, nesse ele é objeto. Talvez a abordagem daquele fosse mais vertical, e a desse mais horizontal.
Mas o que importa é a relação sempre afetuosa que a plateia estabelece com o autor de tantas duras verdades sobre a vida em forma de bom humor. Nessa produção originalmente para a TV pública americana, dirigida por Robert B. Weide, estão cenas impagáveis de seus primeiros tempos como stand-up comedian, seus programas de humor na TV e as tiradas em entrevistas. Os filmes são passados em revista, com antologia de cenas memoráveis. As oscilações de gênero e de teor cômico de filme a filme são analisadas segundo uma proposta biofilmográfica bem pensada e roteirizada. Na medida do possível, a vida vai sendo ilustrada com cenas dos filmes.
Woody se dispõe a revisar sua carreira e cumprir os rituais básicos da cinebiografia: mostra a casa onde nasceu no Brooklyn, o lugar onde estava o seu primeiro cinema, a caquética máquina de escrever portátil e os grampeadores com que ele até hoje datilografa e “monta” seus argumentos, bem como as folhas de papel com “ideias” que mantém amarfanhadas na gaveta de uma mesa de cabeceira.
Entre tantos colaboradores e ex-mulheres que contribuem com depoimentos frequentemente assemelhados a declarações de amor, destacam-se as ausências de Mia Farrow e Soon-Yi. O escândalo que envolveu os três é abordado superficialmente, e mais pelo aspecto profissional. Quanto ao trabalho de Woody como diretor nos sets, se mais não vemos, talvez seja porque seu método é o mais simples possível: “façam rápido que eu não quero perder o jogo na TV”.
Ri-se muito com o documentário e entende-se melhor a opção profunda de Woody Allen pela independência, o que lhe valeu o lugar que tem e os limites que reconhece.
Esse documentário sobre Allien foi premiado no San Sebastián Horror Film Festival…
Gde Carlinhos,pena que essasperolas não chega ao sertão.Suas narrativas tem me colocado na platéia,assim como Rodrigo Fonseca na fila de gargareijo.Sempre achei que o WA dirigia assim,rápido,com firmeza,para sair pra ver o jogo na TV.abs