MONGA
Levante o braço quem nunca saiu correndo de uma tenda da mulher gorila. Essa mítica atração de parques de diversões e circos tem uma história, esboçada nesse conciso documentário de Cris Siqueira. Uma história que tem muito a ver com o Brasil, onde foi criado o nome “Monga”, que se espalhou por outros países.
MONGA terá exibições especiais em São Paulo a partir desta segunda, 18/3 (veja detalhes no final do texto).
Cris Siqueira ouviu pequenos empreendedores brasileiros e americanos envolvidos com a mulher gorila (ou apegirl nos EUA). Com frequência, trata-se de negócios de família, que passam de geração para geração. Uma “mongueira” nordestina, por exemplo, se queixa: “Meu pai fez Monga, meu marido fez Monga, meu filho que fazer Monga… Não aguento mais esse mundo de macaco”.
Um dos personagens de maior apelo é Romeu del Duque, inventor do nome “Monga” para sua atração que reinou por mais de 20 anos no Playcenter de São Paulo. Outro destaque fica com a intrépida artista de circo Nancy Fury, de Michigan, que se transforma de “Princesa Gabora” numa peluda e assustadora macacona.
Ingenuidade e engenhosidade se conjugam nesse ofício. O filme nos apresenta Dito, um criador de pequenos parques de diversão que fabrica ele mesmo os seus brinquedos com invejável maestria. Ao mesmo tempo, fica patente o ocaso das Mongas diante de ofertas e demandas mais tecnológicas nos dias atuais. As Mongas resistem como relíquias, apesar de sua notável eficiência em apavorar o público.
No documentário, tomamos conhecimento das técnicas de espetáculo e de marketing (surpreendentemente padronizadas) que ainda mantêm aceso o convite aos “castelos” da Monga. Embora alimente um certo suspense quanto ao ápice das transformações, Cris Siqueira se esquivou de revelar o truque de luzes e reflexos que promove a fusão da garota com o “gorila”. Quem quiser que se arrisque à clássica investida da monga sobre o público na hora em que as grades arrebentam.
█ MONGA terá pré-estreia dia 18/03, às 21h, no Cinesesc, seguida de debate com a diretora e a jornalista Renata Simões. As demais sessões acontecem na Matilha Cultural. No dia 20/03, quarta, às 19h, a diretora estará presente com equipe e convidados. No 21/03, quinta, o filme será exibido às 20h, e dias 22/03 e 23/03, sexta e sábado, às 19h.