Uma das consequências do consumo cada vez maior de audiovisual online é a redução das durações. O mainstream do Youtube limita os vídeos a 10 minutos. Deu-se bem quem já lidava com o filme curtíssimo. O Festival do Minuto, por exemplo, tornou-se permanente e online a partir de 2007. Para outros, a restrição tornou-se uma estética. Veja o Cinelan, para onde grandes documentaristas internacionais produzem filmes de 3 minutos.
Para dar conta do recado em tão pouco tempo, a turma tem se valido da síntese, claro, mas também de recortes muito definidos e de uma linguagem que se estabeleça rapidamente e conquiste a atenção do espectonauta. A tentação de dar um back ou clicar em outra coisa é ainda maior que a de zapear no controle remoto da TV.
O reino do filme online é um zapear constante. A satisfação deve vir sem delongas. Mas o modelo do microfilme também já se estende ao mundo offline. Estão abertas as inscrições brasileiras para o Festival Internacional de Filmes Curtíssimos – leia-se até 3 minutos. Imagino que os discursos de apresentação e agradecimento serão mais longos que as obras.
Na rede, já falei aqui dos belíssimos docs da Mediastorm. Agora descobri a série Miami-Havana, um co-produção internacional que a televisão europeia Arte vem veiculando desde 22 de fevereiro. A cada dia, durante três meses, dois vídeos estão sendo postados no site. Um de Havana, outro de Miami. Nos dois lados, separados por 90 milhas e uma espessa barreira ideológica, jovens cubanos que nasceram bem depois da revolução castrista falam de suas raízes, sonhos e dificuldades.
Adivinhe a duração de cada vídeo? Dois minutinhos, no más.
Fazer filmes curtíssimos é um baita exercício de síntese. E tem saído coisas muito interessantes nessa leva.
Aliás, esse tema rende um bom papo se observarmos mais além do cinema. A vida moderna, cada vez mais, segue essa ordem das atitudes apressadas. É a vida em micro!
Amei as dicas.
Beijos