Tardes com Julio Miranda

Amanhã, quarta-feira, às 16 horas, ele estará no Espaço SESC Copacabana, inquieto como um mágico na estreia de um truque novo. Quando os 50 espectadores estiverem acomodados no pequeno auditório, Julio Miranda vai fazer sua já clássica introdução a mais um filme pelos espaços da cidade. Vai chamar a atenção do público para a maneira como Volker Schlöndorff, nascido no início da II Guerra, mostra o nazismo em O Nono Dia, filme inédito nos cinemas brasileiros. “Não somente judeus foram perseguidos por Hitler. O filme revela que padres foram até crucificados em campos de concentração”, vai ressaltar para sua plateia.

Cena de "O Nono Dia"

O Nono Dia dá início ao ciclo “Um Espaço para a Terra de Goethe”, parceria de Julio com o Instituto Goethe. Nas quartas-feiras seguintes, serão exibidos Uma Mulher Contra Hitler, de Marc Rothemund, A Felicidade de Emma, de Sven Taddicken, Hanami – Cerejeiras em Flor, de Doris Dörrie, e Do Outro Lado, de Fatih Akin. Há um ano Julio vem programando e apresentando os ciclos mensais “A Tarde no Cinema”, no SESC-Copa. Nos últimos meses, ele explorou clássicos da 20th Century Fox, filmes de James Stewart e dramas passados no pós-II Guerra. Para outubro já estão programados quatro musicais.      

Esse é um trabalho que o apaixonado Julio Miranda realiza mais por prazer que por qualquer outra forma de compensação. “Tenho satisfação em compartilhar esses filmes e destacar aspectos menos óbvios, sugerir ao público ir um pouco além da historinha que o filme conta”, explica.

Para um sem-número de cinéfilos e cineastas cariocas, o nome de Julio Miranda é indissociável de sua formação. Ele é capaz de citar de memória – em caráter reservado, claro – os filmes que já alugou ou emprestou a Domingos Oliveira, João Moreira Salles, Ruy Gardnier, Patricia Rebello e muita gente boa por aí. Era o tempo da memorável locadora Polytheama, hoje inativa. Mas o acervo precioso de Julio mantém-se atualizado com raridades de fazer virar os olhos. E continua a circular através de mostras, ora no CCBB, ora no Espaço Cultural dos Correios, na Casa França-Brasil ou no Clube de Engenharia. Por dois anos e meio ele lotou os 240 lugares do SESC-Flamengo nas tardes de domingo para exibir e comentar filmes de todo tipo, tendo em comum apenas o seu bom-gosto. Uma curadoria que não se limita a filmes de sucesso, mas vai a obras ousadas como as de Bergman, Varda, Pabst e Visconti. Ficou na história sua longa preparação do público do SESC-Flamengo, predominantemente de terceira idade, ao longo de várias semanas, para enfim mostrar Sicília, de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet. “Eles às vezes ficavam chateados, mas voltavam sempre”, recorda-se, entre risos.

As sessões no SESC-Copa têm entrada franca, com senhas distribuídas a partir de 15h30. 

 

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