A igreja do diabo
Machado de Assis volta ao cinema com olhar contemporâneo em A COMÉDIA DIVINA, onde Deus é uma mulher negra e o capeta usa ternos bem cortados.
Machado de Assis volta ao cinema com olhar contemporâneo em A COMÉDIA DIVINA, onde Deus é uma mulher negra e o capeta usa ternos bem cortados.
ASPIRANTES é tanto um filme sobre futebol quanto “2001 – Uma Odisseia no Espaço” é sobre naves espaciais. No primeiro longa de Ives Rosenfeld, o campo e a bola servem apenas como arena onde os dramas do protagonista explodem fisicamente.
Dois filmes sobre educação nos EUA. Dois mestres com approachs muito diferentes quanto à narrativa documental.
Esse documentário canadense é um dossiê pormenorizado sobre a disputa do território digital pelos governos e pelo midiativismo independente. Disputa que é não somente de narrativas, mas também tecnológica.
UNICÓRNIO tece sem pressa um conto de fadas psicanalítico, em que o Mal não vem de fora, mas dos venenos que se guarda por dentro. Depois do admirável Sudoeste, Eduardo Nunes volta a auscultar a alma feminina e explorar os desvãos do tempo cinematográfico.
ATÉ O PRÓXIMO DOMINGO é um dos mais radicais experimentos de Evaldo Mocarzel na sua já longa viagem pela fronteira entre documentário e teatro. Enquanto a peça “Luís Antonio Gabriela” é um sucesso na vertente do teatro-documentário, o filme pode ser chamado de um documentário-teatro.
O filme de Iván Granovsky se filia a uma escola de documentários latino-americanos autorreflexivos e auto-ironizantes, que frequentemente se referem ao próprio fracasso de suas intenções e procuram desmontar os cânones da verdade documental.
GABRIEL E A MONTANHA transpira entusiasmo, sem nunca assemelhar-se a uma obra de luto. A aventura cinematográfica ali contida é de uma envergadura rara no cinema brasileiro,
A forma serena, inquisitiva e às vezes perplexa com que Eduardo Passos se dirige ao antigo carrasco representa perfeitamente o olhar do espectador perante o hediondo. O lobo agora em pele de cordeiro, com a Bíblia nas mãos, é um retrato da impunidade em que deslizam até hoje os açougueiros da ditadura.
O documentário de Fernando León de Aranoa circula entre as vitrines e os bastidores do Podemos para mostrar como se aprende a fazer política, tanto para fora como para dentro.
DINA pode bem ser assistido como um filme de Wes Anderson ou um Todd Solondz light. Personagens fora do comum em ambiente suburbano, levando a vida a meio caminho entre a tragédia e a ternura. A diferença é que Dina Buno e Scott Levin existem de verdade na periferia da Filadélfia.
Clara Nunes ganha, enfim, o seu longa-metragem documental. CLARA ESTRELA é um presentão para os fãs e uma boa introdução para quem chegou atrasado e perdeu a luz forte que ela irradiava.
A sinopse de CONVERSA FIADA anuncia uma situação bizarra: filha faz um filme sobre sua mãe para questioná-la sobre o fato de ser lésbica e não dar mostras de amor materno. Mas o que se revela na tela é um delicado exercício de compreensão do outro.
Henfil ganha documentário biográfico e homenagem de jovens animadores. HENFIL acaba sendo também o making of de um curta de animação.
As cenas reunidas por Nelson Hoineff em EU, PECADOR não são particularmente enobrecedoras para Agnaldo Timóteo, mas não se pode negar que expressam a sua veia de polemista falastrão e contraditório.
Em A LIBERDADE DO DIABO, máscaras igualam vítimas e algozes da violência no narcotráfico mexicano num ciclo de dor, ódio, arrependimento e desejo de vingança e justiça.
Em ROBERTO BOLAÑO: A BATALHA FUTURA, é como se o escritor ainda estivesse por aqui a nos impressionar e influenciar, como reflexo de sua obra original.
12 DIAS, de Raymond Depardon, mostra como o sistema psiquiátrico-judicial exerce seu poder discricionariamente, apesar da aparência de legalidade e respeito aos pacientes.
No ano que vem esse superclássico de Tomás Gutiérrez Alea fará 50 anos. O Festival do Rio se antecipa exibindo uma cópia restaurada em 35mm. É um evento e tanto. Memórias do Subdesenvolvimento permanece um filme moderno e atual porque reflete dilemas e questões que a América Latina ainda está longe de superar.
A FÁBRICA DE NADA, sucesso em vários festivais e vencedor do prêmio da crítica em Cannes, é um bicho cinematográfico mutante, que assume formas diversas para dar o seu recado.
ÚLTIMOS HOMENS EM ALEPPO, sobre a brigada de resgates na guerra da Síria, pode ser forte candidato ao Oscar de documentário. Isso se os votantes da Academia suportarem atravessar seus dolorosos 104 minutos, como fizeram os jurados de Sundance que o premiaram.
Os filmes da Mostra Fronteiras, em sua maioria documentários, levantam questões urgentes sobre o estado do mundo. Com frequência, suscitam reflexões e discussões que não cabem em sua minutagem. O festival programou uma série de debates após a sessão de alguns deles.
UMA MULHER CHAMADA SADA ABE antecipou em um ano a história de “O Império dos Sentidos” e virou um clássico do Roman Porno japonês