Com a vida nas mãos

Pode ser que me tenha faltado sensibilidade feminina para apreciar melhor TODAS AS ESTRADAS DE TERRA TÊM GOSTO DE SAL, mas arrisco dizer que Raven Jackson ainda precisa de substância para preencher sua bonita embalagem.

África, entre guerra e música

Mais que o enredo em si, o que me conquistou em NAYOLA foi mesmo a qualidade da animação enquanto arte visual.
O documentário RAZÕES AFRICANAS usa performances e didatismo para falar da herança africana na música das Américas.

Chá ralo

Só nos 15 minutos finais é que Sissako enfim traz à cena sua intenção de denunciar o preconceito anti-africano entre os chineses. Mas então o chá já esfriou há tempos, e é tarde para BLACK TEA exalar seu aroma.

Maputo, eu te amo

MAPUTO NAKUZANDZA recorre ao formato das antigas sinfonias de cidades para revelar (e fantasiar) um dia na vida da capital de Moçambique. Um misto de documentário, ficção e experimentação.

Tapa na cara dos fascistas

BRAZYL, UMA ÓPERA TRAGICRÔNICA tem momentos muito palavrosos e não dá muita bola para a sutileza. Em compensação, nos brinda com uma verve carnavalesca e uma convicção antiautoritária que têm sido raras no cinema brasileiro.

Crime e fantasia

O chileno NO LUGAR DA OUTRA parte de um fato verídico para fazer um estudo de personagem obcecada pela fantasia de ser outra pessoa. Na Netflix.

A parteira heroica

A curva temporal muito ampla e o acúmulo de subplots acabam por prejudicar a densidade de MADAME DUROCHER, que resulta muito episódico e novelesco, como se fosse uma minissérie condensada.

No coração de Eunice

Fernanda Torres está extraordinária, sem dúvida, em AINDA ESTOU AQUI, mas sua atuação se beneficia de tudo o que está ao redor: a excelência na condução de todo o elenco, a vivência da casa e sua tocante despedida, o sentimento de época tão bem evocado nas imagens e nos sons.

Minha mãe era uma peça

MALU tem a dureza das palavras que ferem, mas também um humor inesperado que nos conecta em níveis diferentes com aquelas três mulheres. Estamos diante de um microcosmo da complexidade da vida.

Em defesa da morte doce

O QUARTO AO LADO tem closes magníficos das atrizes, mas patina um bocado, ora em flashbacks esquemáticos, ora nas ruminações repetitivas de Martha em sua desistência de sobreviver.

Neonoir com tempero baiano

A trama de RECEBA! é contada de modo um tanto rocambolesco, com voltas no tempo e pontos de vista distintos, em busca de um gato-e-rato à moda do Tarantino inicial.

Namoro de alto risco

Na onda de true crimes que invade os cinemas e o streaming, A GAROTA DA VEZ tem virtudes acima da média, sendo um bom cartão de visitas para Anna Kendrick como diretora.

Vidas secas

A produção senegalesa BANEL & ADAMA trata da oposição clássica entre as liberdades do amor romântico e as convenções de uma sociedade baseada nas crenças e na tradição.

Poetizar a Ciência

Para tratar de assunto árido à percepção leiga, Ana Costa Ribeiro optou por poetizar o campo da Ciência. TERMODIELÉTRICO é um documentário eivado de intenções poéticas e calcado na história de sua família.

Dira e os pássaros

Dira Paes, em PASÁRGADA, sua primeira experiência na direção, requer do espectador uma disposição de ornitólogo para esperar que o filme “apareça”.

A singeleza como meta

O DIA QUE TE CONHECI me pareceu partir não mais do desejo de narrar uma história, mas da intenção de explorar um método. A singeleza deixa de ser uma contingência para se tornar uma meta.