O dia a dia de uma revolução

Richard Linklater me pareceu adotar dois estilos diferentes na direção de NOUVELLE VAGUE. De certa forma, essa diferença emula a revolução que Acossado provocou no panorama do cinema mainstream: a passagem do filme de produtor para o filme de autor.

Agnes, claro enigma

Do drama, SORRY, BABY vai deslizando para a comédia sem perder nenhum elemento, nem abdicar da gravidade do assunto. Eva Victor é uma revelação como diretora, roteirista e atriz.
MORRA, AMOR não é ruim de se ver, mas falta estofo dramático para além do retrato de uma mulher com transtorno mental.

Os vivos e os mortos

Por trás da aparência de um filme sobre crianças, A NATUREZA DAS COISAS INVISÍVEIS procura falar de coisas tão graves quanto a morte, o acesso ao sobrenatural e a identidade de gênero.

O silêncio dos inocentes

Para além da sensação de mistério e inquietude, O SÍTIO veicula uma pequena parábola sobre os interesses que fazem adultos e crianças se corromperem mutuamente.

Para além do casulo sociológico

Pode-se acusar QUERIDO TRÓPICO de ser conciliatório e dissipar as diferenças de classe no véu do congraçamento e da emotividade. Mas quem enxergar para além do antagonismo social verá um drama humano comovente.

À mesa com Scola

Mesmo sem novidades no menu, O JANTAR merece ser degustado pela doce ironia do humanista Ettore Scola. Numa de suas últimas aparições no cinema, Vittorio Gassman lidera um elenco de dar água na boca. No Festival de Cinema Italiano, online e em salas.

Recife quente

A exuberância de Kleber Mendonça Filho no trato com o cinema se sobressai nas pequenas tramas paralelas, nos episódios laterais que contribuem para o painel urbano de O AGENTE SECRETO.

Frankenstein na era dos simulacros

Em tempos de robôs assumindo o lugar dos homens e a inteligência artificial ocupando espaços antes privilégio da inteligência natural, voltar a FRANKENSTEIN ganha ares de maior atualidade.

Uma autista no espelho social

Tratando de autismo, UMA MULHER DIFERENTE não tem o diferencial que o eleve acima da média em termos de cinema, mas toca em questões delicadas da vida social em tempos de inclusão .

Festival do Rio: “La Grazia”

Em LA GRAZIA, Toni Servillo é a encarnação perfeita desse homem austero e frágil, impávido até a medula, dividido entre suas convicções e os apelos de uma sociedade que quer se mover no tempo.

Spike Lee em busca de um resgate

Spike Lee não poderia prescindir de Denzel Washington em LUTA DE CLASSES. A interpretação meio maneirista do ator dá vida a um personagem cheio de arestas imprevisíveis e que acaba compensando as fragilidades do projeto.

A revolução é uma comédia

UMA BATALHA APÓS A OUTRA é um filme dinâmico, dirigido e atuado com garra e certa graça, mas não creio que esteja no nível dos melhores filmes de Paul Thomas Anderson.

Cuidados com o cuidado

Muito embora não traga grandes novidades na abordagem cinematográfica da perda de memória no envelhecimento, TOQUE FAMILIAR escava um pequeno lugar próprio no tratamento do assunto.

Maracangalha depois da vida

A atuação intensa e multifacetada de Denise Fraga é incapaz de redimir SONHAR COM LEÕES, uma tragicomédia que tenta ser atrevida no manejo do tema da eutanásia, mas resulta mais tolinha que trágica ou engraçada.

Em fuga da ditadura etarista

O poder sugestivo das imagens de O ÚLTIMO AZUL não chegou a me convencer quanto à plausibilidade da aventura de Teresa, mesmo considerando os aportes de um realismo fantástico de baixo impacto.