Ely Azeredo responde a Sylvio Back

Para concluir de vez a discussão sobre o assunto aqui no blog, atendo ao pedido de resposta do crítico Ely Azeredo:

“Se a TV Brasil anunciasse uma apresentação de “O triunfo da vontade”, o documentário clássico  sobre a manifestação do Partido Nazista em Nuremberg, 1934, eu me manifestaria contra por ser uma TV pública (não estatal, porém viabilizada pela União). Por motivo idêntico lamento a programação de “Rádio Auriverde”. O responsável por este antidocumentário me acusa de “saudade” dos tempos da censura – sentimento ausente de minha trajetória, que remonta aos anos 1950. Muito ao contrário. Por exemplo: em plena ditadura militar, nos anos 1960, defendi a exibição de “O desafio”, de Saraceni, no “Jornal do Brasil”, quando o filme estava ameaçado de interdição ad infinitum. (Tenho uma carta de agradecimento do produtor.). Outro exemplo: nos anos 1970, na vigência do AI-5, quando a mídia estava proibida de mencionar até  a existência de censura, assinei matéria de capa, no Caderno B (JB), defendendo a livre circulação de filmes eróticos. Chamou-se “Erotismo – cine qua non”. O sindicato da classe dos produtores (do Rio) congratulou-se comigo, em carta que mantenho arquivada. Também sempre combati a “censura de mercado”. Quando “Milagre em Milão” foi mal lançado no Rio por uma distribuidora pobre-coitada, e o exibidor ameaçou retirá-lo de cartaz com apenas sete dias de projeções, liderei a campanha de imprensa que prolongou a carreira do filme – e em maior número de salas. Dessa vitória conservo o telegrama (cabograma, na época) com agradecimentos dos autores, Vittorio de Sica e Cesare Zavattini.

Quanto à referência a uma parceria minha na realização do documentário de Jorge Ileli, nobilíssimo cineasta, sobre a presença da FEB na Segunda Guerra Mundial, é evidentemente um delírio do armador de “Rádio Auriverde”. Qualquer busca na internet revela a frequência de minha presença no mundo doc – exatamente zero.

Ely Azeredo” 

 

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