As intenções desse projeto de filme em episódios são certamente melhores que os resultados. Feito para celebrar Istambul como capital da cultura europeia em 2010, reuniu um diretor turco e seis não-turcos para contar histórias que tematizassem os laços da cidade com o passado dos países balcânicos e do Oriente Médio. Afinal, como antiga capital do Império Otomano, a ex-Bizâncio carrega ressonâncias de grande alcance.
Assim, os seis episódios e o segmento que serve de moldura geral tratam de personagens estrangeiros em visita a Istambul por motivos diversos. As relações que eles estabelecem com a cidade e seus habitantes pretendem formar um retrato do cosmopolitismo, da modernidade e dos ecos históricos do lugar –sejam eles amenos como o da senhora síria que chega para visitar a irmã e se perde nas ruas, sejam graves como o músico armênio que procura traços de um avô vitimado pelo massacre de 1915.
A maior parte das histórias soa cifrada demais para um público não iniciado nas questões da região. E nem todas deixam clara a importância específica de Istambul em sua gênese. Uma chega mesmo a soar gratuita e deslocada, envolvendo um casal de amantes palestino-israelense. De maneira geral, faltou uma atenção com a universalidade e uma liga entre os episódios que fosse mais expressivo que cortes abruptos para as paisagens do Estreito de Bósforo.