Pílulas das férias (2) – Lin-Manuel Miranda

Mais alguns comentários curtos que postei no Facebook sobre filmes vistos durante o período em que o blog esteve de semiférias: HAMILTON, EM UM BAIRRO DE NOVA YORK e TICK, TICK… BOOM!.

HAMILTON

Finalmente pude ver HAMILTON, a peça musical de Lin-Manuel Miranda filmada diretamente do palco da Broadway por Thomas Kail. Que espetáculo! A história de Alexander Hamilton, um dos “pais fundadores” estadunidenses e Secretário do Tesouro de George Washington, ganha vida em tempos de hip hop numa atrevida caracterização que não poupa munição satírica contra Thomas Jefferson e o Rei George III da Inglaterra. Depois da decepção que tive com “Em um Bairro de Nova York”, do mesmo Miranda, surpreendi-me com a qualidade do libreto, das músicas e da concepção cênica relativamente simples no Richard Rogers Theatre. Às vezes é melhor encarar uma peça da Broadway dessa maneira, assumidamente teatro filmado, do que ver adaptações para um certo realismo cinematográfico que danifica a magia do original. No palco, quase tudo se aceita e se admira. E essa peça, patriotadas à parte, é realmente admirável.
>> Está na Disney Plus.


EM UM BAIRRO DE NOVA YORK

Vistos isoladamente,alguns números musicais de “In the Heights” têm energia e competência suficientes para nos levantar da cadeira. Ou afundar gostoso no sofá, como na cena em que Leslie Grace e Corey Hawkins dançam nas paredes de um edifício. O problema é suportar as baboseiras de jovens-latinos-correndo-atrás-dos-seus-sonhos-na-terra-das-oportunidaes durante 142 minutos. Esse é daqueles espetáculos da Broadway que parecem encenar a vida em algum outro planeta, cujas comunidades são formadas por amigos adoráveis que torcem pelo sucesso um dos outros. Um filme casto, naïf e muito enjoadinho, que só deve agradar aos fãs incondicionais de musicais de qualquer tipo. Aqui Lin-Manuel Miranda acumula os créditos de autor da peça e diretor do filme.
>> Está na HBO Max, Now, Youtube Movies, Goodle Play, Vivo Play e Sky.


TICK, TICK… BOOM!

Já é tempo de percebermos uma fórmula de Netflix Entertainment: roteiros narrados em camadas “espertinhas”, personagens falando e agindo freneticamente, produções de custo mediano e resultados em geral medianos também. TICK, TICK… BOOM! – mais uma direção de Lin-Manuel Miranda, o onipresente do momento – parece um portfólio dessas convenções no gênero success story. O início da carreira de Jonathan Larson antes de estourar na Broadway com “Rent” não oferece nada além de clichês conduzidos com o talento habitual de Hollywood. Anos 1990, as perdas da Aids, os caminhos abertos por Stephen Sondheim para musicais “diferentes” – e Jonathan de garçom tentando pagar as contas e atrair atenção para seu primeiro musical, “Superbia”. A namorada, o amigo gay, os olhos marejados de lágrimas e um punhado de canções, quase todas chatíssimas, daquelas que começam suaves e terminam aos gritos, exigindo que a plateia aplauda. Está indicado ao Globo de Ouro de filme musical e ator, e certamente estará na corrida pelos Oscars. Afinal, é o tipo de enlatado que mantém a indústria de pé.
>> Está na Netflix.  

 

2 comentários sobre “Pílulas das férias (2) – Lin-Manuel Miranda

  1. Pingback: Oscars: o que escrevi sobre os indicados | carmattos

  2. Pingback: Pílulas das férias (2) – Lin-Manuel Miranda — carmattos | THE DARK SIDE OF THE MOON...

Deixe um comentário