Halong-Mekong: Pequena Odisseia Vietcong

Admito que esse título só vale pela rima, uma vez que o termo “vietcong” ficou restrito à época da Guerra do Vietnã. Denominava então a guerrilha do Sul que se uniu ao exército do Vietnã do Norte contra a coalizão formada pelos EUA e o governo do Vietnã do Sul. Quando visitei o país, em 2002, não havia mais resquícios da guerra na nação unificada, a não ser por alguns memoriais e museus.

Além de conhecer Hanói, Ho Chi Minh City (ex-Saigon), Hoi An (clique em cada cidade para acessar o vídeo correspondente) e Hue, fizemos dois passeios inesquecíveis por regiões muito especiais. No Norte, navegamos nas águas cor de esmeralda da Baía de Halong, cujas ilhotas de pedra tinham me deslumbrado numa sequência do filme Indochina, de Régis Wargnier. Até usei um pouco da trilha do filme no meu vídeo.

O visual de Halong é dominado pelas centenas de ilhotas de pedra espalhadas pela baía. Duas cavernas descomunais justificam desembarcar para percorrer aquelas imensas catedrais de estalactites e formas mais que exóticas. Em toda a área reina uma serenidade maravilhosa, só quebrada na orla da baía pelo doce alarido dos vietnamitas que curtem a praia. Como em toda parte no país, o povo é extremamente amável, e até o seu ruído afaga mais que incomoda.

No extremo Sul, passamos um dia inteiro singrando o Delta do Mekong, o longuíssimo rio que nasce no Tibet, passa por China, Mianmar, Tailândia, Laos, Camboja e deságua no Mar da China, já no Vietnã. Nada pode ser mais profundamente vietnamita do que cortar o Mekong numa pequena canoa movida a remo por mulheres com seus característicos chapelões cônicos, entre a densa vegetação onde os vietcongs faziam sua revolução.

A partir da cidadezinha de My Tho, o passeio utiliza diversos tipos de embarcação e cyclo, parando para um lanche com música regional ao vivo, uma pequena fábrica de balas de coco no meio da selva e o sublime templo budista Vinh Trang. Eu, que sou menos transcendentalista do que uma vassoura e dois panos de chão, tive experiência quase mística no interior do templo ao presenciar os cantos, o clima de compartilhamento e a mansidão no rosto das pessoas. Deu vontade de ficar ali para sempre.

Divido com vocês o que gravei por lá com minha MiniDV. A parte do Delta do Mekong já tinha sido editada com pequenas diferenças no meu vídeo Saigon Blues, sobre Ho Chi Minh City.

6 comentários sobre “Halong-Mekong: Pequena Odisseia Vietcong

  1. A alegria da gente já começa com a abertura “Versão Original”. É o que eu chamo de felicidade antecipada. Não há odisseia que sob o olhar de Carlos Alberto Mattos não prenda mais a nossa atenção do que as aventuras e desventuras de Ulisses. Quem mais pode nos fazer esquecer a claustrofobia numa gruta que leva o nome de paraíso e mais parece uma catedral, com um jogo de luzes e cores formando vitrais magníficos? E a oportunidade de viajar ao lado de Catherine Deneuve? Impagável, aliás, na hora do chá, observando seu preparo compartilhado com dezenas de seres voadores (seriam abelhas ou moscas?)! Não vejo a hora de deslizar por outras águas na aba do seu chapéu, que nos abriga até quando é cônico como os tradicionais vietnamitas. Que delícia!

    • Cris querida, só você para reagir de maneira tão pertinente e carinhosa às minhas pequenas odisseias. Elas se completam com seus comentários, sem os quais – junto aos “poementários” do Paulo Lima – seriam apenas garrafas jogadas ao mar.
      P.S. eram abelhas.

  2. Adorei! Um vídeo encantador! Imagens bem enquadradas e trilha sonora só conseguidas por quem sabe muito de cinema. Parabéns! Ser viajante é isso. Descobrir beleza e cultura pra além dos roteiros convencionais.

  3. Que inveja boa. como gostaria de ter feito esses trajetos. Gostei do menos transcendentalista do que uma vassoura e dois panos kkkkk

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