A discussão é antiga: existe alguma particularidade a distinguir os filmes feitos por mulheres daqueles dirigidos por homens? Lembro que no antigo FestRio havia uma mostra chamada “Olhar feminino”, conceito que costumava gerar mais debate do que os próprios filmes. Qual seria a essência desse olhar feminino lançado através das câmeras?
Em tempos de Kathryn Bigelow, a questão se torna bizantina. Talvez por isso, o Femina – Festival Internacional de Cinema Feminino não pretende entrar nesse mérito, mas apenas reunir a produção recente de diretoras de várias partes do mundo com os objetivos de “destacar o trabalho das mulheres no cenário cinematográfico e cultural brasileiro e mundial, incentivar o surgimento de novas diretoras e a produção de filmes dirigidos por mulheres, e promover a igualdade de gênero”. A sétima edição do Femina abriu ontem (segunda) com o delicado e cru O Anjo, da norueguesa Margreth Olin, e prossegue até domingo na Caixa Cultural RJ.
Entre longas, médias e curtas, são mais de 70 filmes. Entre eles, os novos de cineastas brasileiras importantes como Anna Azevedo (Geral, Um Erradio), Thereza Jessouroun (Dois Mundos, Fim do Silêncio, este ancorando um debate sobre o aborto ilegal como problema de saúde pública), Maya Da-Rin (Terras), Marília Rocha (A Falta que me Faz) e Julia Zakia (Pedra Bruta).
Haverá uma competição nacional e uma internacional. Fui convidado para o júri desta última, juntamente com a jornalista e apresentadora Renata Boldrini e Elisabeth Jensen, diretora do Centro Dinamarquês de Informações sobre Gênero e Mulheres. Da competição internacional participam quatro títulos brasileiros, escolhidos segundo seu potencial para festivais no exterior: Geral, A Falta que me Faz, Pedra Bruta e Teatro da Alma, de Deby Brennand Mendes.
Vou aproveitar o festival para enfim conhecer A Fuga da Mulher Gorila, de Marina Meliande e Felipe Bragança, incluído na seção “Dividindo a conta”. E, por mais que fuja à clicheria do tal olhar feminino, sei que não vou resistir a procurar, em cada filme, onde fulge a centelha da mulher que o assina.
Carlinhos, dei uma passada por aqui, foi uma visita e tanta, mas fica a questao sobre o tal do “olhar feminino”, eita, e’ coisa boa, instigante, a cada frames de nossa vida ficar ligado nesse encontro, afinal e’ o outro lado desta mesma metade. Quem sabe o cinema possa ser o cupido/flecha das possibilidades. abs A.
Olá Michiles, seja bem-vindo. Sigamos os rastros da centelha…