Na utopia arquitetônica montada no Forte de Copacabana para o evento Humanidades 2012, Bia Lessa inaugura hoje (quinta) uma Biblioteca reunida a partir das indicações bibliográficas de 120 personalidades brasileiras. Às 19 horas haverá um sarau com leitura espontânea de textos e uma palestra do físico Luís Alberto Oliveira. Quando acabar a Rio+20, a biblioteca será repassada para alguma comunidade pacificada.
Somente por afeto da Bia e nenhum merecimento meu, fui uma das pessoas consultadas para a formação do acervo. Lá estou eu, portanto, numa lista eclética que inclui Rubem Fonseca, Fernando Henrique Cardoso, Jô Soares, Fernanda Montenegro, Maria Bethânia, Rodrigo Santoro e Roberta Sudbrack. A cada um foi pedido que indicasse até 100 livros fundamentais na sua formação – o que fez, por exemplo, Eduardo Coutinho indicar Tarzan, claro!
No meu caso, limitei-me a 50 livros. Não que não tivesse lido mais que isso na minha já longa vida. Mas quanto mais livro eu incluía, mais gritavam minhas lacunas, minhas leituras vadias, meus lugares-comuns. Fiquei então nos 50. Envergonho-me pelo tanto que falta. Por isso não divulgo a lista. Fica lá na estante com meu nome, como um segredo cochichado aos poucos que chegarem perto.
Fazer uma lista dessas é como fornecer um autorretrato. Pode-se caprichar nos traços e na cor para parecer melhor do que se é. Pode-se disfarçar com sombras os detalhes mais desfavoráveis. Pode-se aparecer sorrindo ou sério, “inteligente” ou blasé. Os livros que lemos formam a cara do nosso espírito.
Não sei que cara tem o meu. Só sei que, no sarau, pretendo ler um poema de Manoel de Barros ou um trecho de Esculpir o Tempo, de Andrei Tarkovski.
Adorei . tudo a ver