É Tudo Verdade: Diamantes

O mote de Diamantes é dado numa das primeiras cenas, quando um garimpeiro idoso define o diamante como “uma pedra viva”. Pois o que veremos a seguir não é um documentário sobre o cristal precioso, mas sobre algumas moradoras da cidade de São João da Chapada, distrito de Diamantina (MG), região outrora fértil na exploração de diamantes.

Esse ciclo hoje está apenas na memória dos habitantes mais idosos. Não pertence, portanto, ao imaginário das três personagens centrais, todas bastante expressivas em suas diferentes características. A sagaz Maria Faraildes, conhecida como “Mantega”, é uma figura quase folclórica do lugar. Sabrina, lésbica assumida, desafia o eventual conservadorismo da comunidade. A professora Maria Helena, por sua vez, apenas parece destoar da simplicidade local.

Em falas alternadas diante da câmera, elas contam histórias de família, trabalho, educação, afetos, abusos sexuais e opções de vida. Os depoimentos às vezes se alongam sobre questões por demais triviais, como os efeitos de uma pedrada recebida certa vez por “Mantega”. As digressões são pontuadas por imagens de cobertura que procuram dar conta da singeleza do ambiente de cidade pequena e um tanto esquecida no tempo. O garimpo não chega a ser sequer um retrato na parede.

Daniela Thomas, Sandra Corveloni e Beto Amaral, que assinam a direção, não conseguem estabelecer um vínculo mais consistente com as histórias, limitando-se a uma escuta curiosa. A prosódia é às vezes saborosa, mas a modéstia do projeto, a frieza da relação com as personagens e um certo desleixo na captação de parte das imagens deixa muito a desejar.

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