Nostalgia da Luz

A supermaratona da 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa nesta sexta-feira. Infelizmente, mais uma vez não vou poder estar presente para apreciar as pérolas pescadas por Leon Cakoff e sua equipe. Várias delas, porém, já conferi no recente Festival do Rio. Deixo aqui alguns pequenos comentários e links para resenhas desses filmes da seção Perspectiva Internacional:

A SUPREMA FELICIDADE, de Arnaldo Jabor / BRASIL
Mesmo quem disse ter gostado não conseguiu explicar por quê. Jabor embola Fellini, Closer, Nelson Rodrigues e muitas referências mais num conjunto abarrocado, irregular e interminável.

ARMADILLO, de Janus Metz / DINAMARCA
Doc que faz a guerra do Afeganistão parecer coisa encenada. Tem seu grande momento numa matança de talibãs e o subsequente questionamento dos métodos utilizados e do desrespeito aos mortos.

AVENIDA BRASÍLIA FORMOSA, de Gabriel Mascaro / BRASIL
Leia resenha

BEBÊS, de Thomas Balmes / FRANÇA
Criou a etnografia lactente: conheça o mundo através de quatro bebês de três continentes. Cuidados familiares, higiene, relações com o espaço e o lúdico. Além disso, os nenéns são irresistíveis.

CÓPIA FIEL, de Abbas Kiarostami / FRANÇA, ITÁLIA
Não é um grande Kiarostami. Parece um Resnais menor. Discute originais x cópias em nível um tanto básico e fantasioso. Mas tem Juliette Binoche brilhando em cada frase e cada olhar.  

CULTURAS DE RESISTÊNCIA, de Iara Lee / EUA
Leia resenha

DIÁRIO DE UMA BUSCA, de Flávia Castro / BRASIL, FRANÇA
Um belo doc, vencedor da categoria e do Prêmio da crítica internacional no Festival do Rio. Pesquisa histórica, insights humanos e respeito pelas dúvidas que o filme não pode elucidar.

DONG, de Jia Zhang-Ke / CHINA
Leia resenha

ELVIS & MADONA, de Marcelo Laffitte / BRASIL
Filme popular atrevido e de boa cepa. Não é isento de problemas, mas acredita tanto em sua exótica hipótese romântica que acaba nos encantando e divertindo.

HEARTBEATS, de Xavier Dolan / CANADÁ
Não confirmou minha boa impressão do primeiro filme de Dolan, Eu Matei Minha Mãe. Muita afetação sub Kar-Wai num triângulo amoroso que não emplaca nem sai de cima.

INÚTIL, de Jia Zhang-Ke / CHINA, HONG KONG
Leia resenha

JOSÉ & PILAR, de Miguel Gonçalves Mendes / BRASIL, PORTUGAL, ESPANHA
Leia resenha

MEMÓRIA CUBANA, de Alice de Andrade, Iván Nápoles / FRANÇA, BRASIL, CUBA
Leia resenha

MEMÓRIAS DE XANGAI – I WISH I KNEW, de Jia Zhang Ke / CHINA
Leia resenha

NOSSA VIDA, de Daniele Luchetti / ITÁLIA, FRANÇA
Não chega a ser um Nanni Moretti, mas tem lá seu interesse. Sobretudo pela performance de Elio Germano, num tipo de personagem “humano-defeituoso” que só os italianos parecem saber construir.

NOSTALGIA DA LUZ, de Patricio Guzman / FRANÇA, ALEMANHA, CHILE
Leia resenha

O CÍRCULO, de Jafar Panahi / IRÃ
Leia resenha

O ÚLTIMO COMANDANTE, de Isabel Martinez Artavia, Vicente Ferraz / BRASIL, COSTA RICA
Saí desapontado dessa dramatização pesada e antiquada da história de um ex-líder da Revolução Sandinista. Paco Jarquín renegou seu passado glorioso, mas o filme não precisava ter renegado a sutileza e a boa dramaturgia.  

OF GODS AND MEN, de Xavier Beauvois / FRANÇA
Filme bonito, sóbrio, muito bem interpretado, mas que veicula um elogio ao racionalismo democrático europeu contra os “bárbaros” árabes. Achei etnocêntrico e, no fundo, bastante carola.  

OS PALHAÇOS, de Federico Fellini / ITÁLIA
Leia resenha 

PALAVRA E UTOPIA, de Manoel de Oliveira / PORTUGAL, FRANÇA, ESPANHA, BRASIL
Leia resenha 

SER E TER, de Nicolas Philibert / FRANÇA
Leia resenha 

UM FILME FALADO, de Manoel de Oliveira / PORTUGAL, FRANÇA, ITÁLIA
Leia resenha

UMA MULHER, UMA ARMA E UMA LOJA DE MACARRÃO, de Zhang Yimou / CHINA
O chanchadão xaolin diverte ocasionalmente. Yimou refere-se tanto aos Coen (é um remake de Gosto de Sangue e cita Onde os Fracos Não Têm Vez) quanto a ele próprio. Há traços comuns e paródicos com Ju Dou, Lanternas Vermelhas e O Clã das Adagas Voadoras.