SEGUINDO TODOS OS PROTOCOLOS no streaming

“Após ficar dez meses sozinho em quarentena, Francisco quer transar”. Essa é a sinopse concisa de Seguindo Todos os Protocolos, uma comédia sobre a pandemia. Comédia até certo ponto, pois no fundo do que se trata é solidão, medo e a necessidade de balancear afeto e segurança.

O filme de Fábio Leal, protagonizado pelo próprio diretor no papel de Chico, encena na esfera gay o que quaisquer duas pessoas estavam vivendo ao se encontrarem para fazer amor e sexo no início da pandemia, antes de chegarem as vacinas. Os cuidados do rapaz com os protocolos sanitários surtem um efeito hilário quando vistos por nós, de fora. A intimidade era sabotada pelo método. O tesão tinha que resistir a formalidades como a leitura das orientações emitidas pela prefeitura de Nova York. A máscara se transformava no novo preservativo. Uma cortina de plástico podia isolar os parceiros até a hora do clímax. Até que ponto amar combina com segurança máxima?

A conduta de Chico descreve um arco dramático, que se inicia com uma DR à distância entre ele e um namorado recente. Liberado pela separação, ele procura velhos e novos parceiros. Os encontros, semi-explícitos, evoluem da paranoia para um certo relaxamento. Afinal, ninguém é de ferro.

Mas os tempos eram cruéis em 2020. Submetido a tratamento com antidepressivos, Chico faz “dieta de informação” para resistir aos absurdos bolsonaristas e discute com amigos sobre colorismo e vida digital. O seu isolamento no apartamento de Recife nos põe em quarentena com sua obsessão por segurança. E também com o humor, a ternura e eventualmente a brutalidade que emergem da exploração dos corpos.

O naturalismo das conversas se situa numa região indefinida entre a pura encenação e a espontaneidade do improviso com base em possíveis experiências pessoais. Sob todos os aspectos, esse filme transpira um frescor interessante.

>> Seguindo Todos os Protocolos está nas plataformas Google Play e AppleTV.