(Les Plages d’Agnès)
Doc catador. Os documentários de Agnès Varda são ensaios de uma catadora de imagens. São poemas de fragmentos coletados aqui e ali e selecionados por uma nuvem temática. Desta vez, numa espécie de filme-testamento, o objeto é sua própria história, seus entes queridos, seus filmes. Agnès tem um misto de fé e desconfiança na capacidade do cinema para reconstruir memórias. Daí o aspecto lúdico dessa rememoração. Ela usa diversos artifícios para conectar tempos distintos e manifestações artísticas diferentes. De alguma forma, tudo começa e termina com uma instalação e uma performance, formas indissociáveis no seu trabalho recente. O amor por Jacques Demy e pelo cinema responde pelas vinhetas mais carismáticas do filme. Mas, sejamos justos, há também um pouco de autoindulgência e um excesso de digressões. É preciso um certo engajamento afetivo para melhor apreciar o fluxo caprichoso de referências e autorreferências. De qualquer forma, trata-se de um trabalho inspirador pela liberdade de uma montagem colada à expressão verbal. Nessa conversa com a plateia, não há hierarquia entre palavra e imagem. ♦♦♦
Muito bom! Eu já esperava. É impressionante como essa querida senhora surpreende a cada filme.
Quanta criatividade, qta energia, qto amor ao cinema (…)
Eu que não sou de reza faço, peço que Agnes viva muitos e muitos anos, produzindo, é claro!