O município mineiro de Ipatinga é conhecido principalmente por abrigar um gigante da produção siderúrgica, a Usiminas, e um time de futebol que comeu os calcanhares dos grandes em recentes campeonatos brasileiros, o Ipatinga. Lá tem um parque chamado Ipanema, mas para a turma dos documentários tem uma “praia” mais atraente: a mostra Cinedocumenta, que chega à sua sétima edição.

O evento começou ontem (quarta), no Centro Cultural Usiminas, com a exibição de Anabazys e do curta Abry, dirigidos por Paloma Rocha e Joel Pizzini. Convidado pela mostra, juntei-me a Paloma e Joel na noite de abertura para comentar os dois filmes e enveredar pelo tema da mostra deste ano: a memória reinventada.

Sob a direção de Ederson Caldas, a Cinedocumenta busca a cada ano um recorte particular para discutir a produção documental. Nas edições anteriores, já se falou de liberdade e democracia, Cinema Novo, ficção & realidade, cinema & antropologia. Retrospectiva de Jean Rouch, oficina com Walter Carvalho, debates e vários destaques do documentarismo nacional já foram levados pelo evento ao público e a escolares da região do Vale do Aço.

A programação deste ano inclui Moscou, de Eduardo Coutinho, A Falta que me Faz, de Marília Rocha, Domingos, de Maria Ribeiro, e Dom Hélder Câmara, o Santo Rebelde. E ainda os longas Rock Brasileiro – História em Imagens, de Bernardo Palmeiro, Batatinha, Poeta do Samba, de Marcelo Rabelo, e A Morte Inventada, de Alan Minas. Renato Tapajós vai mostrar seu novo média, O Rosto no Espelho. Pedro Adib leva o seu Memórias do Recôncavo – Besouro e Outros Capoeiristas. Outros médias e curtas de vários estados completam o menu.

Um debate especial vai marcar o lançamento do Guia Kinoforum de Festivais de Cinema e Vídeo, evento cancelado no Rio por ocasião da última enchente. Guilherme Fiúza e Luiz Carlos Lacerda dão oficinas, respectivamente de produção e técnicas de direção.

Minha estada no “Pouso de Água Limpa” (tradução do tupi Ipatinga) dura somente dois dias. Na manhã de hoje, planejei dar um pulo até Caratinga, a 100 km de distância, para conhecer o terminal rodoviário que leva meu nome. O que eu não faço por uma viagem qualquer? Lembro que na infância tive um caderno onde se lia na capa: “Conhece tua pátria”.