Quando festejamos os 99 anos de Jurandyr Noronha, em março último, nos prometemos voltar no ano que vem para a festança do seu 100º aniversário. Infelizmente, não poderemos cumprir a promessa. Jurandyr nos deixou ontem (domingo), jogando na orfandade boa parte da história do cinema brasileiro e de sua preservação.

Como homenagem a esse mestre de sempre e amigo dos últimos anos, recoloco aqui o modesto programa que dirigi para o Canal Brasil em 2009, para a série Retratos Brasileiros. Em Jurandyr Noronha: Tesouros Quase Perdidos, aos 93 anos, o veterano documentarista, pesquisador e escritor recontou sua trajetória, iniciada nos anos 1940. Jurandyr trabalhou com Adhemar Gonzaga na Cinédia, com Humberto Mauro no Instituto Nacional de Cinema Educativo, foi cinegrafista do DIP de Vargas e realizou dezenas de documentários, entre eles os longas-metragens Panorama do Cinema Brasileiro, 70 Anos de Brasil e Cômicos + Cômicos.

No programa, Jurandyr leu trechos de suas memórias e evocou momentos mágicos como o encontro na infância com Santos Dumont, sua primeira filmagem a bordo de um trem em Madureira e o “sequestro” das imagens de Lampião nos porões do DIP. Pioneiro da tomada de consciência sobre a preservação da memória cinematográfica no Brasil, Jurandyr Noronha falou também de seus livros e do Museu do Cinema que criou nos anos 1970. O programa contou com preciosas imagens de arquivo e trechos de vários filmes de Jurandyr Noronha. A fotografia é de Jacques Cheuiche. Fui auxiliado na direção por Zé José (Eduardo Souza Lima) e na produção por Anna Azevedo.