O ano de 2018, para mim, não foi dos mais prolíficos em matéria de atividades extraordinárias no cinema. O maior motivo de orgulho foi a publicação, enfim, da Nova História do Cinema Brasileiro, organizada por Fernão Ramos e Sheila Schvartzman, na qual tive a honra de assinar o capítulo sobre o documentário contemporâneo (2000-2016). Participei do júri do festival Panorama Coisa de Cinema, em Salvador, e o resto foi ver filmes e escrever resenhas cotidianamente.
Durante o ano, assisti a 366 longas-metragens, sendo 251 filmes de ficção e 115 documentários. Mantive a média de um filme por dia, registrada nos últimos anos. Quando me sentei para fazer as minhas listas de preferidos, deparei-me com uma presença muito forte de filmes brasileiros. Isso pode não refletir exatamente um boom de qualidade no cinema nacional, mas sem dúvida aponta uma convergência desses filmes com minha sensibilidade.
Como de hábito, destaco aqui os títulos que mais me impressionaram, divididos em quatro grupos: ficções e documentários lançados em cinemas; ficções e documentários vistos em festivais, mostras e plataformas diversas. Cada título contém um link para a respectiva resenha, quando houver.
FILMES DE FICÇÃO LANÇADOS EM CINEMAS
120 Batimentos por Minuto | Robin Campillo
O Beijo no Asfalto | Murilo Benício
Canastra Suja | Caio Soh
Roma | Alfonso Cuarón
Projeto Flórida | Sean Baker
Sem Data, sem Assinatura | Vahid Jalilvand
Paraíso Perdido | Monique Gardenberg
Uma Casa à Beira-mar | Robert Guédiguian
Benzinho | Gustavo Pizzi
A Natureza do Tempo | Karim Moussaoui
Outros destaques: A Fábrica de Nada, Unicórnio, Quase Memória, A Forma da Água, As Boas Maneiras, O Animal Cordial, The Square: A Arte da Discórdia, Viva – A Vida é uma Festa, Antes do Fim, Em Pedaços, Entre-laços, O Insulto, A Morte de Stálin, Troca de Rainhas, Buscando…, A Casa que Jack Construiu.
DOCUMENTÁRIOS LANÇADOS EM CINEMAS
O Processo | Maria Augusta Ramos
O Pacto de Adriana | Lissette Orozco
Rogério Duarte, o Tropikaoslista | José Walter Lima
Soldados do Araguaia | Belisário Franca
Ex-Pajé | Luiz Bolognesi
Cartas para um Ladrão de Livros | Carlos Juliano Barros e Caio Cavechini
Missão 115 | Silvio Da-Rin
Em Nome da América | Fernando Weller
Bergman 100 Anos | Jane Magnusson
Maria Callas – em suas Próprias Palavras | Tom Volf
Um acréscimo por descuido: Visages, Villages | Agnès Varda e JR
FILMES DE FICÇÃO NÃO LANÇADOS
Temporada | André Novais Oliveira
Deslembro | Flávia Castro
A Balada de Buster Scroogs | Joel e Ethan Coen
Lazzaro Felice | Alice Rohrwacher
Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos | João Salaviza e Renée N. Messora
Luna | Cris Azzi
Memória da Dor | Emmanuel Finkiel
Los Silencios | Beatriz Seigner
Inferninho | Guto Parente e Pedro Diógenes
Alma Clandestina | José Barahona
DOCUMENTÁRIOS NÃO LANÇADOS
Torre das Donzelas | Susanna Lira
Humberto Mauro | André di Mauro
Che, Memórias de um Ano Secreto | Margarita Hernández
Three Identical Strangers | Tim Wardle
Escolas em Luta | Rodrigo T. Marques, Tiago Tambelli e Eduardo Consonni
Muchos Hijos, un Mono y un Castillo | Gustavo Salmerón
Teatro de Guerra | Lola Arias
Risk | Laura Poitras
Strong Island | Yance Ford
THF: Aeroporto Central | Karim Aïnouz
Aqui em Londres passou nos cinemas,não muito desapercebido, o filme LEAVE NO TRACE.
É da diretora Debrah Granik, realizadora conhecida pelo ficcional Winter’s Bone, além de documentários. Granik tem o mérito de ter descoberto, entre outras,Vera Farmiga- excepcional atriz.
Leave no Trace é a história de um cocoon familiar. Um homem e sua filha pré adolescente . E só. Vivem na mata, no meio de um país chamado Estados Unidos da América. O pai é veterano de guerra. Não consegue mais socializar. Aí entra o Estado pra resolver,pra tentar ajudar.
A direção de Granik não é por um segundo piegas. É só um triste lamento sobre mazelas que uma guerra pode provocar num homem. E as pessoas que tentam em vão ajudá-la. De intenções genuínas, nem um pouco iludidas; apenas experientes .É também sobre a pessoa que está associada ao ex soldado, submissa por hierarquia familiar que se descobre capaz de pensar diferente.
Conseguir realizar um filme triste, niilista, inundado de misericórdia humana é pra mim o feito do ano.
Fiquei curioso, Marco. Vou baixar o filme pra ver em janeiro.
Leremos com religiosidade ! E veremos também !