Exibições gratuitas: Plataforma Looke, 11/04 às 21h00 e 12/04 às 15h00

“A poesia veio ao meu encontro”. Poucas frases de uma canção dizem tanto do seu compositor. Paulo César Pinheiro é uma usina de belos versos, a maioria dos quais se encaixou na melodia composta por alguns dos maiores nomes da MPB. Em Paulo César Pinheiro – Letra e Alma, ele mesmo é quem se narra, sem ufanismo mas também sem falsa modéstia.

Poeta precoce, escreveu a letra de Viagem (a do verso acima) aos 13 anos de idade. Aos 16, já compunha profissionalmente e conquistava Baden Powell como padrinho. Trazia para suas letras a vivência da boemia dos subúrbios cariocas, junto com a inspiração da avó indígena e a admiração antropológica pelas religiões afro-brasileiras.

Numa entrevista direta, olhando para a câmera dos diretores Andrea Prates e Cleisson Vidal (e portanto para nós), PCP destila simpatia e verve oral para falar de muitas coisas: da perseguição da censura durante a ditadura, dos seus casamentos com Clara Nunes e Luciana Rabello, da sua mística poética alheia a religiões e, sobretudo, de suas inúmeras parcerias, que vão de Pixinguinha aos filhos Ana e Julião, passando por Baden, Tom Jobim, Edu Lobo e tantos outros. Lê também alguns poemas do seu livro Poemúsica.

O documentário tem uma simplicidade benfazeja, que parece nascer do próprio personagem. A amostragem musical, expressa em fragmentos de performances de vários artistas, cuida de pontuar os vários gêneros visitados pelo compositor. E funciona como um convite a que voltemos aos seus versos burilados e densos, que estão em mais de duas mil canções brasileiras.