RAIA 4 no streaming
Amanda (Brídia Moni) tem 12 anos e uma ótima performance na natação. Mas isso não a impede de ser uma garota retraída, abúlica mesmo, e complexada por ainda não ter um corpo plenamente desenvolvido. Às restrições impostas pelo esporte soma-se a falta de espaço familiar para se desenvolver, à mercê de pais muito absorvidos pelo trabalho e por seus hábitos burgueses. Para completar, Amanda está em pleno despertar sexual, mas à margem de qualquer experiência.
Raia 4, vencedor dos prêmios da crítica, fotografia e melhor filme gaúcho no Festival de Gramado, pinta um quadro potencialmente inquietante da pré-adolescência. Um quadro em que as sucessivas frustrações podem alimentar sentimentos nocivos de competição, ressentimento e confusão afetiva. Para Amanda, a água é um refúgio, uma porta para a fantasia e o único local em que ela se sente potente – inclusive para a ação brutal que cometerá no desfecho. Fora da água, comporta-se como se estivesse no fundo de uma piscina, ou seja, deslocada dos outros e submersa num mundo interior indevassável.
Bem cuidado técnica e visualmente, embora sem qualquer intenção de inovar, o filme de Emiliano Cunha marca pontos na condução do elenco de guris e gurias da equipe de natação. Uma espontaneidade legítima transparece ali, contrastando com a introversão de Amanda. Esta, por sua vez, resulta numa personagem por demais opaca, de consistência rala para sustentar um filme inteiro em torno de si.
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