Meu balanço de 2023 e os filmes favoritos

Na Ocupação Machado de Assis (Itaú Cultural). Foto: Rosane Nicolau

2023 foi um ano de alívio no Brasil com a eleição de Lula e a interrupção do ciclo de horrores promovido por Michel Temer e Jair Bolsonaro. As cicatrizes do ódio ainda marcam a pele do país, mas pelo menos podemos respirar de novo os ares da democracia. Já no front internacional, foi um ano duríssimo, com as guerras na Ucrânia e na Palestina inundando o mundo em imagens de dor e indignação.

Por sorte minha, fiz a viagem ao Irã em abril, quando os conflitos no Oriente Médio ainda não tinham tomado a proporção atual. Embora não estivesse com a Rosane, minha companheira de quase todas as viagens, foi uma experiência esplêndida, que devo muito à competência e simpatia do meu guia e agora amigo Ali Edraki. Desde então, já publiquei seis vídeos de cidades iranianas, que podem ser vistos aqui.

No Teatro Oficina

Outra grande emoção da temporada foi assistir pela primeira vez a um espetáculo no Teatro Oficina. Com o privilégio de presenciar a cerimônia afetiva que o grupo tem feito diante das cinzas de Zé Celso antes da entrada do público.

No capítulo dos contratempos, sofri um pequeno AVC em setembro, que gerou uma discretíssima alteração no meu campo visual, nada que prejudique minhas atividades e fruições. Como resultado das investigações médicas, recebi uma prótese no coração em fins de outubro. Sigo saudável e bem disposto para os meus quase 70 anos.

Em matéria de trabalho, 2023 foi um ano relativamente rotineiro. Além das resenhas e artigos publicados regularmente aqui no blog, ajudei a organizar a belíssima sessão de “estreia” de Amazonas, o Maior Rio do Mundo (1918) na Cinemateca do MAM e fiz uma palestra na mostra Herzog Além das Margens. A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais me distinguiu com duas iniciativas: o convite para participar da comissão de escolha do filme representante do Brasil no Oscar e a publicação de uma nova edição do meu livro Vladimir Carvalho – Pedras na Lua e Pelejas no Planalto.

Em paralelo, tenho trabalhado na pesquisa para o meu próximo site-livro, que vai analisar o mote da “saída de fábrica” em suas muitas acepções desde o filme inaugural dos irmãos Lumière até o cinema contemporâneo.

Conforme a tradição, passo a enumerar os meus filmes favoritos de 2023, nas quatro categorias de praxe. Em 40 filmes, 16 são brasileiros, o que sinaliza minha admiração pela qualidade e diversidade que nossos diretores, elencos e equipes têm oferecido ultimamente. Não há nenhum protecionismo de minha parte, mas somente o apreço mais sincero.

Cada título em cor contém o link da respectiva resenha. Alguns dos filmes não lançados ainda terão suas resenhas publicadas em breve.

 

Filmes de ficção lançados em cinemas ou streaming

> Terceira Guerra Mundial – Houman Seyyedi
> Os Banshees de Inisherin – Martin McDonagh
> Sem Ursos – Jafar Panahi
> Assassinos da Lua das Flores – Martin Scorsese
> Propriedade – Daniel Bandeira
> Mato Seco em Chamas – Adirley Queirós
> Nosso Sonho – Eduardo Albergaria
> Urubus – Claudio Borrelli
> Blue Jean – Georgia Oakley
> Puan – María Alché e Benjamín Naishtat

>> Menções: Cassandro, De Volta à Córsega, Caixa de Memórias, A Menina Silenciosa

 

Documentários lançados em cinemas ou streaming

> Elis & Tom: Só Tinha de Ser com Você – Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay
> Retratos Fantasmas – Kleber Mendonça Filho
> Atiraram no Pianista – Fernando Trueba e Javier Mariscal
> Sinfonia de um Homem Comum – José Joffily
> O Marinheiro das Montanhas – Karim Aïnouz
> Ithaca: A Luta Por Assange – Ben Lawrence
> Still: Ainda Sou Michael J. Fox – Davis Guggenheim
> Bem-vindos de Novo – Marcos Yoshi
> Nelson Pereira dos Santos: Vida de Cinema – Aída Marques e Ivelise Ferreira
> Roberto Farias – Memórias de um Cineasta – Marise Farias

>> Menções: Eneida, O Túnel de PombosAfeganistão: a Retirada

 

Filmes de ficção ainda não lançados comercialmente

> A Paixão Segundo G.H. – Luiz Fernando Carvalho (Festival do Rio)
> O Diabo na Rua no Meio do Redemunho – Bia Lessa (Festival do Rio)
> Anatomia de uma Queda – Justine Triet
> Reality – Tina Satter (Festival do Rio)
> Las Bestias – Rodrigo Sorogoyen
> Àma Glória – Marie Amachoukeli (Festival do Rio)
> Ecos do Silêncio – André Luiz Oliveira (Festival de Brasília)
> Vidas Passadas – Celine Song (Festival do Rio)
> O Homem dos Sonhos – Kristoffer Borgli
> Ensaios sobre Yves – Patricia Niedermeier (pré-estreia)

 

Documentários ainda não lançados comercialmente

> Arte da Diplomacia – Zeca Brito (Festival do Rio)
> Mi País Imaginario – Patricio Guzmán
> Praying for Armageddon – Michael Rowley e Hessen Schei Tonje (É Tudo Verdade)
> Marcha sobre Roma – Mark Cousins
> Silent House – Farnaz e Mohammadreza Jurabchian (É Tudo Verdade)
> The American Dream and Other Fairy Tales – Abigail Disney e Kathleen Hughes (Mostra Ecofalante)
> 20 Days in Mariupol – Mstyslav Chernov
> Orlando, Minha Biografia Política – Paul B. Preciado (Festival do Rio)
> Memórias da Chuva – Wolney Oliveira (Festival de Gramado)
> All the Beauty and the Bloodshed – Laura Poitras

13 comentários sobre “Meu balanço de 2023 e os filmes favoritos

  1. Pingback: Listas de filmes e de melhores discos de 2023 | Culture Injection

  2. Amigo! Sem palavras! Uma honra, uma alegria enorme entrar (na prorrogação!!!) na sua lista, num xadrez seletivo (que imagino) tenha sido difícil de montar. Falo por mim e por toda a equipe do filme. beijo!

  3. Carlinhos Ano de alívio para o Brasil e para vc q escapou bem de seu AVC! Parabéns pelas múltiplas atividades profissionais e obrigada pelas listas que me assustam por tantos filmes a ver! abraços Vavy pacheco Borges ________________________________

  4. Bom dia,Carlinhos! Feliz Ano Novo! Não consigo mais acessar o seu site e ler o q enviou. Recebo o e-mail,mas não abre. Pode ,por favor, ver se tem algum problema? Obrigada! Bjo!

  5. Caramba, tem muito filme que não vi e preciso correr atrás. Amanhã vamos assistir ao novo do Nani Moretti. Bj

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